Unesco aponta riscos para uso excessivo de smartphones em sala de aula

Agência ligada à ONU sugere que legisladores proíbam o uso de celulares em escolas e questiona impacto da tecnologia na educação
Daniel Junqueira31/07/2023 11h41, atualizada em 02/08/2023 10h10
Estudante assiste video pelo celular em sala de aula
Imagem: nimito/Shutterstock
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A Unesco, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada para educação, ciência e cultura, divulgou um relatório em que aponta riscos para uso excessivo de smartphones em sala de aula. A agência sugere que legisladores pensem em medidas para evitar que a tecnologia usada indevidamente prejudique o desempenho de alunos nas escolas.

A agência afirma que existem evidências de que o uso excessivo de telefones celulares pode prejudicar o desempenho educacional das crianças, e que altas doses de exposição às telas também podem afetar negativamente a estabilidade emocional de alunos.

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A Unesco diz que a adoção de medidas que limitem o uso de tecnologia poderia ajudar professores, ao evitar disrupções durante as aulas causadas pelo uso de celular, além de melhorar o aprendizado dos alunos e também proteger crianças de bullying virtual.

Unesco questiona impactos da tecnologia nas escolas

A proibição dos smartphones em escolas também serviria como uma mensagem: tecnologias digitais, incluindo inteligências artificiais, devem ficar em segundo plano dentro de uma “visão centrada em humanos” para a educação. Segundo a Unesco, a interação física entre professores e alunos não pode ser substituída por opções digitais.

“A revolução digital conta com um potencial imensurável, mas, assim como alertas foram feitos de como ela precisa ser regulamentada na sociedade, atenção similar deve ser dada para a forma como ela é usada na educação”, disse a diretora da Unesco, Audrey Azoulay.

“Precisa ser para melhorar experiências de aprendizado e para o bem-estar de estudantes e professores, e não para o detrimento deles. Mantenha as necessidades do aprendiz em primeiro lugar e apoie os professores. Conexões online não são substitutas para a interação humana”, continuou.

Países precisam analisas benefícios e prejuízos

A Unesco sugere que legisladores em todo o planeta pensem melhor antes de abraçar tecnologias digitais, e que os impactos positivos e a eficiência econômica podem ser superestimados, e que o novo não é necessariamente melhor.

Uso de tecnologia em sala de aula precisa ser melhor avaliado, diz Unesco. Imagem: Matej Kastelic/Shutterstock

“Nem todas as mudanças constituem progresso. Só por que algo pode ser feito, não significa que deva ser feito”, conclui o relatório da agência.

O relatório da Unesco ainda diz que países precisam garantir que tenham objetivos e princípios claros para o uso consciente da tecnologia na educação. É preciso entender quando o uso de uma ferramenta digital pode ser benéfico e quando pode causar danos aos estudantes.

O uso excessivo e inapropriado de tecnologia nas salas de aula e em casa pode causar distração, disrupção e resultar em impacto negativo no aprendizado, afirma a agência.

Por fim, a Unesco diz que as evidências científicas da atualidade apontam para um prejuízo maior do que benefício na adoção de ferramentas digitais na sala de aula. A maioria dos estudos positivos, segundo a agência, foram financiados por empresas de educação privada que querem vender produtos para aprendizado digital, e a influência crescente dessas empresas na formação de políticas educacionais ao redor do planeta é motivo de preocupação.

Via The Guardian

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Redator(a)

Daniel Junqueira é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Iniciou sua carreira cobrindo tecnologia em 2009. Atualmente, é repórter de Produtos e Reviews no Olhar Digital.