IA está ajudando médicos a diagnosticarem casos de câncer de mama

Uso da IA na saúde identificou 20% mais casos de câncer de mama do que leitura dupla de radiologistas, sem dar falsos positivos
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 02/08/2023 19h08
Médica realiza monitoramento de câncer de mama
Imagem: ORION PRODUCTION/Shutterstock
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A implementação da Inteligência Artificial na área da saúde tem sido debatida por profissionais do setor. Há argumentações favoráveis e contrárias. Um estudo sueco apontou que a IA pode ter seus benefícios quando aliada aos médicos: a tecnologia está ajudando radiologistas a diagnosticarem casos de câncer de mama.

Até agora, além de diminuir o tempo de trabalho, foram 20% mais diagnósticos do que quando a mesma mamografia era feita e revisada por dois médicos.

Leia mais:

IA na saúde

  • Publicado na revista The Lancet Oncology nesta quarta-feira (02), o estudo é o primeiro de controle de triagem de mama com IA e examinou mais de 80 mil mulheres suecas.
  • Um dos riscos do uso da IA na medicina é que a tecnologia está sujeita a erros. No entanto, os cientistas observaram que, apesar de aumentar o número de diagnósticos, a inteligência artificial não aumentou o número de falsos positivos, ou seja, casos em que a mamografia diagnosticou um câncer incorretamente.
  • Além disso, o uso da tecnologia na triagem desses casos reduziu em 44,3% a carga de trabalho dos radiologistas.
  • Agora, todas as participantes terão um acompanhamento de dois anos, que deve acabar em dezembro de 2024, para identificar se a IA realmente ajudou no processo.
Imagem mostra duas mulheres, uma médica e outra paciente, analisando exame de câncer de mama
Uso da IA nas mamografias não aumentou número de falsos positivos (Crédito: Lordn/Shutterstock)

Como funcionou a pesquisa

  • Entre abril de 2021 e julho de 2022, metade das 80 mil mulheres foi destinada a uma triagem de dupla leitura, com dois radiologistas lendo o mesmo exame. Já a outra metade passou por um processo em que a leitura foi apoiada pela IA.
  • No grupo da IA, a tecnologia avalia a imagem e define o risco de 1 (menor risco) a 10 (maior risco).
  • Nesse grupo, 244 cânceres foram detectados e 861 mulheres foram chamadas de volta para serem reavaliadas.
  • Já no grupo sem IA, foram 203 cânceres detectados e 817 mulheres reconvocadas.
  • Apesar de os números serem similares, os pesquisadores defendem que a IA obteve sucesso porque não apontou números exorbitantemente maiores ou menores, revelando um entendimento sobre as imagens.
Inteligência Artificial e Saúde
IA na área da saúde tem sido discutida (Foto: Reprodução)

Importância

Atualmente, as diretrizes de saúde europeias recomendam a leitura de mamografias por dois radiologistas. Isso demanda um grande número de profissionais e horas de trabalho.

Segundo Kristina Lång, autora principal do estudo, em entrevista ao site Euronews, o uso da IA no processo não pretende substituir os radiologistas e nem poderia fazer isso. Para ela, a tecnologia só reforço o papel desse profissional.

O desenho do nosso protocolo de triagem enfatiza o papel central do radiologista porque é muito importante ter radiologistas para ter uma baixa taxa de falsos positivos. A IA destaca muitos achados suspeitos que não são câncer. Portanto, os radiologistas precisam ser capazes de dizer “ok, esse achado aqui não é câncer”… os radiologistas realmente precisam estar na posição de direção para obter os melhores resultados.

Kristina Lång

Limitações da IA na saúde

Apesar dos resultados positivos, os cientistas destacam que uma das limitações da pesquisa é que os resultados se restringem a um único tipo de dispositivo de mamografia e um sistema de IA específico.

Com informações de Euronews

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.