Exposição a microplásticos pode causar mudanças comportamentais, revela estudo

Exposição a microplásticos por três semanas levou a mudanças comportamentais em camundongos mais velhos semelhantes à demência em humanos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 30/08/2023 14h20
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Imagem: Deemerwha studio/Shutterstock
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Os cientistas já sabem que os microplásticos podem fazer mal à saúde. Mas uma nova pesquisa revela que esses materiais podem induzir mudanças comportamentais. O estudo foi realizado com camundongos e publicado no International Journal of Molecular Science.

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Microplásticos podem se espalhar por todos os tecidos corporais

  • Segundo os pesquisadores, os microplásticos podem estar tão disseminados no corpo quanto no meio ambiente.
  • Durante o estudo, eles expuseram camundongos a diferentes níveis de contaminação pelos materiais por meio da água potável e analisaram o impacto dos plásticos nos órgãos e no comportamento dos animais.
  • O resultado foi a identificação das pequenas partículas com menos de 5 mm de comprimento e provenientes de plásticos maiores que se decompõem, como roupas, pneus e outros itens, em todos os tecidos examinados, inclusive nas profundezas do tecido cerebral dos camundongos.
  • “A detecção de microplásticos em tecidos como coração e pulmões sugere que os microplásticos estão indo além do sistema digestivo e provavelmente passando por circulação sistêmica”, disse o autor do estudo, Jaime Ross, professor da Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos.

Exposição pode levar a mudanças comportamentais

  • Os pesquisadores ainda analisaram o impacto da exposição a microplásticos por três semanas no comportamento de camundongos mais jovens e mais velhos.
  • E concluíram que ela levou a mudanças comportamentais nos animais mais velhos semelhantes à demência em humanos, segundo informações da Euronews.
  • “Ninguém realmente entende o ciclo de vida desses microplásticos no corpo, então parte do que queremos abordar é a questão do que acontece à medida que você envelhece. Você é mais suscetível à inflamação sistêmica desses microplásticos à medida que envelhece? Seu corpo pode se livrar deles tão facilmente? Suas células respondem de forma diferente a essas toxinas?”, observou Ross.
  • Novas pesquisas devem ser realizadas para determinar como os plásticos podem afetar o cérebro, uma vez que os cientistas já descobriram que os microplásticos podem reduzir a presença uma proteína que afeta os processos celulares no cérebro.

Materiais já foram detectados em humanos

  • Os microplásticos já foram detectados em níveis alarmantes no meio ambiente, à medida que os resíduos plásticos aumentaram nas últimas décadas.
  • Um estudo de 2019 de cientistas do Canadá estimou que os humanos consomem entre 39 mil e 52 mil partículas de microplástico por ano, dependendo da idade e do sexo.
  • Esse número pode aumentar significativamente dependendo se a pessoa bebe água da torneira ou água engarrafada (o que a expõe a mais microplásticos).
  • Pesquisas já sugerem que essas pequenas partículas de plástico podem se acumular em órgãos humanos.
  • Microplásticos já foram encontrados no sangue humano, pulmões, fezes e até mesmo em placentas, mas a pesquisa sobre como eles afetam a saúde humana é limitada.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.