‘Vacina inversa’ pode ser a chave para tratar doenças autoimunes; entenda 

Ação do fármaco no sistema imunológico pode apagar a memória de ataque das moléculas
Tamires Ferreira13/09/2023 14h37
doença autoimune
Imagem: shutterstock/marishkaSm
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Um novo tipo de vacina desenvolvida por pesquisadores da Escola Pritzker de Engenharia Molecular (PME) pode ser o novo tratamento mais promissor contra doenças autoimunes. Com uma proposta de ação inversa, a ideia é que o fármaco não ensine moléculas a reagir às ameaças, mas apague toda sua memória para que ela interrompa reações contra o corpo. 

Para quem tem pressa: 

  • Segundo os estudos, a vacina inversa pode reverter completamente doenças autoimunes como esclerose múltipla, diabete tipo 1 e doença de Crohn — tudo sem desligar o sistema imunológico; 
  • Tradicionalmente, as vacinas ensinam o sistema imunológico humano a reconhecer um vírus ou bactéria como um inimigo e atacá-lo, a nova versão faria o oposto, removendo a memória de ataque; 
  • Essa exclusão da memória imunológica não é, claro, interessante para doenças infecciosas, mas pode interromper reações autoimunes; 
  • Atualmente os tratamentos para doenças autoimunes incluem medicamentos que desativam amplamente o sistema imunológico, um dos pontos negativo na terapia disponível. 

Leia mais! 

No passado, mostramos que poderíamos usar esta abordagem para prevenir a autoimunidade. Mas o que é tão entusiasmante neste trabalho é que demonstramos que podemos tratar doenças como a esclerose múltipla depois de já existir uma inflamação em curso, o que é mais útil num contexto da realidade. 

Jeffrey Hubbell, professor em Engenharia de Tecidos e principal autor do estudo. 

Doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis de uma pessoa — as células T basicamente sofrem uma pane na memória e confundem células boas com intrusas. A memória das células vem tanto de infecções naturais como a partir da vacinação. 

Em um processo normal do corpo, o fígado é o responsável por garantir que esse “erro” de memória não aconteça, então ele marca as moléculas das células com sinalizadores de “não atacar” para prevenir essas reações — o processo é chamado de tolerância imunológica periférica. 

Imagem: Shutterstock

Baseado nesse trabalho natural do fígado, o grupo combinou um antígeno — substância estranha que pode ser atacada pelo sistema imunitário — com uma molécula semelhante às células que o fígado reconheceria como amiga para criar a tecnologia da vacina inversa.  

A ideia é que possamos anexar qualquer molécula que quisermos ao pGal e isso ensinará o sistema imunológico a tolerá-la. Em vez de aumentar a imunidade como acontece com uma vacina, podemos reprimi-la de uma forma muito específica com uma vacina inversa. 

Testes mostraram que a abordagem funcionou para minimizar diversas reações imunitárias em curso. O estudo, divulgado pelo Medical Xpress, foi publicado na Nature Biomedical Engineering. 

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Tamires Ferreira
Redator(a)

Tamires Ferreira é jornalista formada pela Fiam-Faam e tem como experiência a produção em TV, sites e redes sociais, além de reportagens especiais. Atualmente é redatora de Hard News no Olhar Digital.