O Sindicato dos Trabalhadores Automotivos rejeita proposta das montadores e anuncia a continuidade da greve da categoria nos Estados Unidos. A paralisação começou na última sexta-feira (15) e envolve cerca de 12,7 mil funcionários da General Motors (GM), Ford e Stellantis. O grupo pede, entre outras coisas, aumento salarial, melhores benefícios e garantias contra demissões. Enquanto isso, especialistas apontam que a corrida pelo mercado de veículos elétricos, em especial a Tesla, está por trás da situação.

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Entenda a greve

  • Alguns analistas apontam que o que está acontecendo no setor automotivo é a maior transformação tecnológica desde o início da linha de montagem de Henry Ford, no início do século 20.
  • A greve ocorre no momento em que as montadoras tradicionais investem bilhões para desenvolver veículos elétricos, enquanto ainda ganham a maior parte de seu dinheiro com carros movidos a gasolina.
  • Por isso, as futuras negociações determinarão o equilíbrio de poder no setor.
  • As montadoras tentam defender seus lucros e seu lugar no mercado diante da forte concorrência da Tesla e de empresas estrangeiras, especialmente chinesas.
  • As informações são do The New York Times.

O que pedem os grevistas

O salário é um dos maiores pontos de discórdia: o sindicato está exigindo um aumento salarial de 40% em quatro anos, mas as montadoras ofereceram cerca de metade disso. Mas não é apenas uma questão salarial.

Os trabalhadores também estão tentando defender empregos à medida em que os motores de combustão interna estão sendo substituídos por baterias. Por terem menos peças, os carros elétricos podem ser produzidos por menos funcionários, o que cria um temor em relação à futuras demissões de empregados.

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Além disso, querem os empregados das novas fábricas de carros elétricos instaladas nos EUA sejam cobertos pelos contratos nacionais de trabalho das montadoras. As montadoras, no entanto, dizem que não podem atender esta demanda porque essas fábricas são de propriedade de joint ventures.

Grevistas estão tentando defender empregos à medida em que os carros elétricos têm ganhado espaço (Imagem: Blue Planet Studio/Shutterstock)

Disputa pelo mercado elétrico (e contra a Tesla)

A greve acontece no momento em que as três empresas estão tentando desenvolver seus próprios negócios de veículos elétricos. Uma nova fábrica de baterias da GM ,em Ohio, demorou a produzir baterias, atrasando versões elétricas da picape Chevrolet Silverado e outros veículos.

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Neste ano, a Ford teve que suspender a produção de sua F-150 Lightning elétrica em fevereiro depois que uma bateria pegou fogo em uma das picapes que estava estacionada perto da fábrica para uma verificação de qualidade. Já a Stellantis só começará a vender veículos totalmente elétricos nos Estados Unidos no ano que vem.

A pressão sobre as empresas aumenta ainda mais em virtude do sucesso da Tesla no mercado elétrico. E todo esse contexto coloca o sindicato em uma posição forte para conseguir uma boa negociação.

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O que dizem as montadoras

A Ford disse, em comunicado divulgado na quinta-feira (14), que os termos propostos pelo sindicato são “insustentáveis” e, se implementados, “mais que dobrariam os atuais custos trabalhistas”.

A GM declarou que está “decepcionada” com a greve, apesar “do pacote econômico sem precedentes” oferecido pela montadora.

E a Stellantis lamentou o rumo das negociações.

Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiou o sindicato em pronunciamento na Casa Branca. O governo tem despejado bilhões em programas para promover veículos elétricos e não quer que uma greve atrase uma peça central de sua política climática.

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