Um relatório recente do Instituto de Assuntos Públicos e Ambientais (IPE, na sigla em inglês) destaca a necessidade de maior transparência da Apple em relação aos seus fornecedores, levantando questionamentos sobre a alegação da empresa de produzir produtos neutros em carbono.

O relatório do IPE destaca uma mudança preocupante na postura da Apple em relação à transparência de suas emissões na cadeia de suprimentos, tornando difícil para observadores externos avaliar a veracidade de suas alegações ambientais. Esse desenvolvimento coloca em xeque a credibilidade da Apple no que diz respeito à neutralidade de carbono.

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Produtos carbono neutros e as alegações da Apple

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Imagem: Apple / Reprodução
  • A ideia de produtos carbono neutros implica que a produção e o uso desses produtos não resultem em emissões líquidas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera.
  • Isso significa que, ao longo de seu ciclo de vida, desde a fabricação até o descarte, esses produtos devem equilibrar ou compensar todas as emissões de carbono geradas.
  • A Apple lançou recentemente modelos de Apple Watch carbono neutros, afirmando que “combinações selecionadas” tornam esses produtos ecologicamente corretos.
  • Para atingir esse objetivo, a empresa afirma ter adotado medidas para reduzir as emissões de carbono em várias etapas, incluindo o uso de materiais mais sustentáveis, eletricidade proveniente de fontes limpas e transporte eficiente.
  • Além disso, a Apple conta com a colaboração de seus fornecedores, que supostamente estão comprometidos em usar 100% de energia limpa até 2030.
  • A empresa também afirma compensar qualquer emissão residual de carbono por meio de projetos baseados na natureza, como a restauração de florestas, que atuam como sumidouros de carbono, capturando CO₂ da atmosfera.

O relatório do IPE

No entanto, o relatório do IPE sugere que as alegações da Apple podem carecer de fundamentos sólidos devido à falta de divulgação de informações detalhadas sobre a pegada de carbono de seus fornecedores.

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Embora a Apple afirme que alguns de seus produtos, como o Apple Watch, são carbono neutros, o relatório argumenta que a falta de transparência em relação às emissões de seus fornecedores e as questões em torno da aquisição de Certificados de Energia Renovável (RECs) levantam dúvidas sobre a veracidade dessas alegações.

O IPE destaca que, para que um produto seja considerado verdadeiramente carbono neutro, todo o ciclo de vida do produto, incluindo a produção e a cadeia de suprimentos, deve ser levado em consideração. Portanto, a falta de divulgação completa dos dados dos fornecedores da Apple torna difícil para terceiros verificar se os produtos da empresa realmente alcançaram a neutralidade de carbono em todos os estágios de sua criação.

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O que é intrigante é que, com o declínio de 12% nas remessas globais de smartphones em 2022, os dados de emissões da cadeia de suprimentos da Apple, que coletamos por meio de várias fontes, mostram que as emissões de carbono de alguns de seus fornecedores diminuíram apenas ligeiramente e, em alguns casos, estão até aumentando.

Trecho do relatório do IPE, via The Verge

Dada a incerteza em torno da neutralidade de carbono dos produtos da Apple, a empresa enfrenta a pressão de fornecer evidências concretas e maior transparência para respaldar suas alegações ambientais.