Ângela, filme que apresenta um dos casos de feminicídio mais famosos do Brasil, finalmente chegou ao catálogo do Prime Video. Estrelado por Isis Valverde, o longa conta a história de Ângela Diniz, socialite assassinada em 1976 com quatro tiros pelo então namorado, Raul Street, conhecido como Doca, em uma mansão em Búzios, Rio de Janeiro. 

O que você precisa saber: 

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  • Dirigido por Hugo Prata (Elis) e escrito por Duda de Almeida (Sintonia), Ângela chegou aos cinemas em 7 de setembro; 
  • Além de Valverde, o elenco conta ainda com Emilio Orciollo Netto, Bianca Bin, Gustavo Machado e Chris Couto; 
  • A história da socialite foi resgatada recentemente pelo podcast Praia dos Ossos, produzido pela Rádio Novelo, que foi fenômeno de audiência em 2020; 
  • Indicado pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, Ângela está entre os 28 filmes brasileiros que irão concorrer a uma vaga no Oscar na categoria Melhor Filme Internacional. 

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Relembre o caso Ângela 

  • Ângela Diniz morreu em 30 de dezembro de 1976 após ser alvejada por quatro tiros disparados por Doca (três no rosto e um na nuca); 
  • O assassinato aconteceu após uma discussão, na qual a socialite, conhecida como a Pantera de Minas, decidiu terminar o relacionamento, marcado por muitas brigas e crises de ciúmes; 
  • Após ficar semanas foragido, Doca se entregou à polícia e sua defesa se baseou na tese da legítima defesa da honra e crime passional — na tese da legítima defesa da honra, um homem poderia, em caso de adultério, matar a esposa ou namorada, sob alegação de que ela o teria traído; 
  • O caso não se tornou famoso não apenas pela popularidade de Ângela, que estava sempre nas capas de revistas, mas pela opinião pública ficar ao lado do assassino durante o período do julgamento, que foi transmitido ao vivo (as pessoas acompanharam como uma novela); 
  • Doca Street recebeu uma pena leve de dois anos em 1977 e acabou, posteriormente, sendo liberado da prisão. 

Assista abaixo ao trailer!

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O crime, que parou o Brasil e foi amplamente coberto pela mídia, se tornou um dos mais icônicos na Justiça brasileira, isso porque o caso acabou ajudando, mesmo que anos depois, a mudar regras em julgamentos de feminicídio. Em setembro de 2023, conforme divulgado pela BBC News, o STF julgou inconstitucional o argumento da defesa da honra, proibindo seu uso de forma direta ou indireta, sendo aplicável a anulação do julgamento — vale pontuar que o argumento não consta no Código Penal brasileiro.  

  • Após protestos ao redor do país com repercussão nacional e mais três casos de assassinatos como o de Ângela Diniz, a onda feminista ‘Quem ama não mata’, da organização Centro da Mulher Brasileira, cresceu, pressionando para um novo julgamento. Um segundo tribunal aumentou, em 1981, a pena de Street para 15 anos por homicídio qualificado. 

De acordo com o UOL, Doca ficou preso até 1987 e, em 2006, lançou o livro “Mea Culpa”, em que conta sua versão do crime. Ele morreu em dezembro de 2020, após um ataque cardíaco.