Brasil: incêndios florestais de 2020 queimaram 30% do Pantanal

Pesquisadores usaram modelos baseados em imagens de satélites europeus para definir o tamanho da devastação causada no Pantanal
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 19/10/2023 11h15
Queimadas no Pantanal em 2020
Até as queimadas no Pantanal, em 2020, projeto focava no Cerrado (Imagem: Chico Ribeiro/Governo do Mato Grosso)
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O Pantanal, conhecido como a maior planície alagada do mundo, vem sofrendo com incêndios florestais. Em 2020, dados de satélites indicam que os danos provocados por dois meses quase ininterruptos de queimadas foram sem precedentes. Os prejuízos foram descritos em um estudo publicado na revista Fire.

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Impactos das queimadas no Pantanal

  • Os incêndios florestais de 2020 levaram à hospitalização de dezenas moradores da região, mataram cerca de 17 milhões de animais e devastaram milhões de hectares do Pantanal, incluindo terras indígenas.
  • Usando modelos baseados em imagens dos dois satélites europeus de observação, os pesquisadores concluíram que as chamas queimaram cerca de 4,5 milhões de hectares, 890 mil a mais do que se pensava anteriormente.
  • O estudo ainda alerta que a quantidade de gases de efeito estufa liberados na atmosfera da Terra também foi maior do que o calculado no primeiro momento.
  • As informações são da Space.com.
Jacaré morto queimado deitado em grama seca do Pantanal. (Imagem: Luzo Reis/Shutterstock)

Seca na região intensificou os incêndios

As novas descobertas enfatizam a importância de métodos mais precisos para medir os impactos dos incêndios florestais em regiões como o Pantanal, especialmente sensíveis às mudanças climáticas.

A crise de incêndios do Pantanal de 2020 foi causada por uma seca extrema. A seca severa tenderá a ser cada vez mais frequente lá e em outras partes do Brasil. Saber mais sobre o impacto desses eventos climáticos extremos no bioma e em sua biodiversidade será cada vez mais importante para decisões sobre o manejo do fogo e programas de mitigação do fogo.

Guilherme Mataveli, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coautor do estudo

A equipe de pesquisadores utilizou imagens da região do Pantanal captadas pelo sensor MultiSpectral Instrument (MSI) a bordo dos satélites Sentinel-2 de julho a dezembro de 2020.

O Pantanal experimenta sua estação seca durante esta época a cada ano, enquanto é uma área úmida inundada no restante do tempo. Uma seca prolongada desde 2019 secou a região mais do que o normal, levando os incêndios a queimarem 200% mais área do que a média, com 35% do bioma devastado.

Os satélites Sentinel-2 mapearam as regiões uma vez a cada cinco dias, o que é mais frequente do que o mapeamento a cada 10 dias feito pelo satélite Landsat, da NASA, uma das fontes de dados de modelos anteriores. Estimativas anteriores apontaram que algo entre 1,4 e 2,3 milhões de hectares foram queimados em 2020.

Ainda de acordo com o estudo, essas imagens de alta resolução, combinadas com o mapeamento feito a cada cinco dias pelos satélites Sentinel-2, poderiam permitir que os pesquisadores construíssem melhores modelos de impactos de incêndios florestais. Isso ajudaria a gerar estimativas mais precisas de gases traços e aerossóis que compõem a fumaça de incêndios florestais.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.