Um pequeno ser vivo que guarda uma peculiaridade. Ser um dos únicos animais no planeta que podem fazer fotossíntese. Seu nome científico é Costasiella kuroshimae, mas ele pode até ser conhecido como mini-Pikachu dos mares devido a sua similaridade com o famoso Pokémon.

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O mini-Pikachu dos mares

  • O animal é na verdade uma espécie de lesma-do-mar.
  • Visto pela primeira vez na ilha japonesa de Kuroshima, ele está amplamente distribuído pela Ásia.
  • Já foi avistado em Singapura, Tailândia e no Triângulo de Coral, área considerada o berço mundial da biodiversidade marinha, que contempla águas da Indonésia, Malásia, Filipinas, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Timor-Leste.
  • O Costasiella kuroshimae foi descoberto oficialmente em 1993, segundo o NCBI-NLM (Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia da Biblioteca Nacional de Medicina) dos Estados Unidos.
  • Mas recentemente, o mini-Pikachu apareceu em uma publicação do Greenpeace Canadá para alertar sobre plásticos nos oceanos.
  • As informações são do UOL.
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Capaz de fazer fotossíntese

As estruturas verdes de seu corpo são parecidas com folhas, mas geralmente têm pontas rosas, roxas ou brancas, e também contêm ramos da glândula digestiva. Já os rinóforos, que se assemelham às orelhas de ovelhas, servem para captar sinais químicos na água, dando à criatura o seu olfato, possibilitando a busca de alimento.

Essas criaturas são hermafroditas (possuem órgãos reprodutores masculino e feminino), mas se acasalam com outros indivíduos para produzir uma massa de ovos. Os animais possuem um comprimento máximo de sete ou oito milímetros na idade adulta. E seu tempo de vida é entre seis e doze meses.

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Eles costumam viver em Avravillea, um tipo de alga difusa e felpuda, que cresce em áreas com substratos macios, como lodo ou areias finas. Não são encontradas nos recifes-de-corais em si, mas em áreas próximas.

A alga que essa criatura vive não serve apenas como moradia, mas também como fonte de alimento. Assim como sua homônima herbívora no solo (as ovelhas), esse ser vivo no mar também pasta nas algas, suga seus cloroplastos — estrutura exclusiva de algas e plantas que contém clorofila, um pigmento fotossintético verde —, e os mantêm dentro do tecido se suas ceratas por até dez dias, em processo conhecido como cleptoplastia.

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O cloroplasto é indispensável à transformação de energia solar em química. Com o seu sequestro, a ovelha-de-folha consegue complementar sua dieta através da fotossíntese, que geralmente só é feita pelas plantas. Essa capacidade levou essa criatura a ser conhecida como “lesma-do-mar movida a energia solar”.

É um dos poucos indivíduos multicelulares capazes de fazer isso. Imagine que você comeu uma salada e manteve o cloroplasto em seu sistema digestivo, então você só precisa se colocar no sol para fazer alimento. É conveniente para a sobrevivência.

Miguel Azcuna, professor assistente da Universidade Estadual de Batangas, nas Filipinas

Ao sequestrar o cloroplasto e adquirir uma cor verde, a ovelha-de-folha o Costasiella kuroshimae passa a conseguir se camuflar, além de defesas químicas para dissuadir predadores.

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Apesar de não correrem perigo crítico de desaparecerem da natureza, duas preocupações surgem quando se tratam desses seres vivos pela destruição de seu habitat: a pesca e o plástico nos oceanos.

A pesca ilegal, ainda que tenha proibição em áreas de proteção ambiental, por exemplo, nas Filipinas, continua ocorrendo de forma persistente, assim como a pesca destrutiva que utiliza dinamite ou cianeto.

As alterações climáticas com aumento da temperatura devido ao aquecimento global também ameaça o “Pikachu” da vida real, bem como tempestades e tufões mais intensos, que formam ondas e correntes que criam redemoinhos de areia que podem arrastar as lesmas e arrancar as algas que servem como sua moradia. Somente as Filipinas recebem uma média de 20 por ano.

Outra preocupação são os plásticos. A ingestão de sua forma micro pode obstruir a boca da lesma ou acumular no seu trato digestivo. “Fazendo-as morrer de fome”, lamentou o Greenpeace Canadá, em publicação no Instagram com apelo para um Tratado Global dos Oceanos e alerta com o despejo de plástico nos mares.