Guerra dos chips: novas restrições dos EUA podem beneficiar a China; entenda

Segundo um fundo de investimentos da China, as novas proibições dos EUA podem estimular a indústria doméstica chinesa
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 24/10/2023 11h37
Guerra dos chips entre EUA e China
Imagem: William Potter/Shutterstock
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Os Estados Unidos continuam endurecendo as restrições de venda de chips semicondutores para a China. A disputa, que ficou conhecida como a “guerra dos chips“, tem aumentado a tensão entre os dois país, mas pode acabar beneficiando a economia chinesa. A análise é de um fundo de investimento chinês.

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Durante a conferência East Tech West, realizada no distrito de Nansha, em Guangzhou, na China, Chloe Wang, sócia e vice-presidente do Fundo Yang Cheng, saudou as novas proibições anunciadas pelo governo dos Estados Unidos. Segundo ela, a medida como “uma grande notícia” que pode estimular um ecossistema doméstico.

Recebemos essa ótima notícia e não me senti surpresa com os EUA [que] continuaram a proibir as exportações de H100 e 800 para a China. Acreditamos que isso irá impulsionar o papel de liderança chinesa. Ainda me sinto bastante confiante em relação aos empresários chineses, bem como ao mercado de base de consumo.

Chloe Wang, sócia e vice-presidente do Fundo Yang Cheng

As mais recentes restrições da Casa Branca impedem a venda de chips A800 e H800 da Nvidia. Mas para Wang, Pequim pode aproveitar a oportunidade para desenvolver uma indústria doméstica. Segundo ela, há cerca de 1.500 empresas na China envolvidas em projetos de desenvolvimento de circuitos integrados (CI), mas uma escassez de companhias que atuam no setor de treinamento de chips de IA. As informações são da CNBC.

Ilustração digital de GPU da Nvidia
Chips da Nvidia estão no centro das mais recentes tensões entre China e EUA (Imagem: Divulgação/Nvidia)

Guerra dos chips

Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

Importância dos chips semicondutores

  • Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
  • Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
  • Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.