Guerra dos chips: Huawei pode substituir Nvidia na China após novas restrições dos EUA

A ampliação da restrição de exportação de chips para os chineses pode significar um incremento de US$ 7 bilhões nas receitas da Huawei
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 25/10/2023 00h20
Fachada de prédio da Huawei com logomarca na frente
(Imagem: Reprodução)
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O governo dos Estados Unidos antecipou a proibição de venda de mais modelos de chips semicondutores para a China. A medida impacta diretamente a Nvidia, que já não pode mais comercializar os chips A800 e H800 da empresa com Pequim. Por outro lado, a decisão pode abrir uma importante fatia de mercado para a Huawei.

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Segundo analistas, a ampliação da restrição de exportação para os chineses pode significar um incremento de US$ 7 bilhões, mais de R$ 35 bilhões, nas receitas da Huawei. Isso porque a Nvidia é o principal fornecedor de chips para a China, com uma participação de mercado superior a 90%.

Com o aumento das tensões provocadas pela chamada “guerra dos chips“, diversas empresas chinesas, incluindo a Huawei, têm desenvolvido suas próprias versões da tecnologia. Agora, o espaço deixado pela Nvidia vai criar uma enorme oportunidade.

Os chips Ascend AI da Huawei são comparáveis aos da Nvidia em termos de poder de computação bruto, apesar de ainda estarem um pouco atrás em desempenho.

Este movimento dos EUA, na minha opinião, está realmente dando aos chips Ascend da Huawei um grande presente.

Jiang Yifan, analista-chefe de mercado da corretora Guotai Junan Securities

Essa oportunidade, no entanto, vem acompanhada de vários desafios. A Huawei precisará desenvolver a capacidade de treinamento dos modelos de IA para poder, de fato, substituir a Nvidia à altura. Para alguns especialistas, isso só deve ser possível num período de 5 a 10 anos. As informações são da Reuters.

(Imagem: Fonti.pl/Shutterstock)

Guerra dos chips

Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

Importância dos chips semicondutores

  • Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
  • Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
  • Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.