Mistério sobre erupção vulcânica catastrófica de 1650 chega ao fim

Relatos históricos apontam que a erupção do vulcão Kolumbo expeliu uma nuvem de gás mortal e gerou tsunamis com ondas de até 20 metros
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 26/10/2023 16h34
Vulcão entrando em erupção
(Imagem: Clive Kim/Pexels)
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A erupção do vulcão submarino Kolumbo, nas proximidades da ilha grega de Santorini, em 1650, gerou um tsunami de grandes proporções e relatos assustadores da população que habitava a região na época. Para entender o que de fato aconteceu, um grupo de pesquisadores analisou a cratera resultante da explosão a partir de tecnologia de imagem moderna. As descobertas foram publicadas na revista Nature Communications.

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Relatos históricos da erupção do vulcão Kolumbo

  • No final do verão de 1650, as pessoas relataram que a cor da água havia mudado e que ela estava fervendo.
  • Cerca de sete quilômetros a nordeste de Santorini, um vulcão submarino começou a expelir rochas brilhantes.
  • Um enorme estrondo foi ouvido a mais de 100 quilômetros de distância, pedras e cinzas caíram nas ilhas vizinhas, escurecendo o céu.
  • Uma nuvem mortal de gás venenoso avançou pela região, matando um número desconhecido de pessoas.
  • Em seguida, a água recuou repentinamente e ondas de até 20 metros de altura atingiram a ilha e outros pontos.
Erupção foi seguida de grande tsunami (Imagem: Dmitrijs Mihejevs/Shutterstock)

Conclusão dos pesquisadores

Com esses relatos assustadores em mãos, os pesquisadores foram ao Mar Egeu, em 2019, para estudar a cratera vulcânica com tecnologia especial. O objetivo era entender por que o vulcão explodiu tão violentamente.

A bordo do navio de pesquisa POSEIDON, agora desativado, a equipe usou métodos sísmicos 3D para criar uma imagem tridimensional da cratera, que agora está a 18 metros abaixo da superfície da água. Eles descobriram que ela tem 2,5 quilômetros de diâmetro e 500 metros de profundidade. Os resultados indicam que a explosão foi realmente massiva.

Os pesquisadores, então, usaram os dados coletados para realizar simulações em computador e concluíram que as ondas geradas pela explosão teriam em torno de seis metros, muito menores do que os relatos de 20 metros de alturas. Por isso, eles continuaram analisado as informações até perceberem que a erupção por si só não poderia explicar a magnitude do evento.

Uma nova variável desvendou o mistério. Segundo eles, o que aconteceu foi uma combinação de um deslizamento de terra seguido de uma grande e violenta explosão vulcânica, gerando o tsunami. As informações são da Phys.org.

Kolumbo consiste em parte de pedra-pomes com encostas muito íngremes. Não é muito estável. Durante a erupção, que já durava várias semanas, a lava foi continuamente ejetada. Embaixo, na câmara de magma, que continha muito gás, havia uma pressão enorme. Quando um dos flancos do vulcão escorregou, o efeito foi como abrir uma garrafa de champanhe: a liberação repentina de pressão permitiu que o gás no sistema de magma se expandisse, resultando em uma enorme explosão.

Dr. Jens Karstens, geofísico marinho do GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel

Os cientistas afirmam que algo parecido poderia ter acontecido durante a erupção de 2022 do vulcão submarino Hunga Tonga, cuja cratera vulcânica tem uma forma semelhante à de Kolumbo.

Segundo os pesquisadores, as descobertas sobre a erupção de 1650 podem ajudar no desenvolvimento de programas de monitoramento da atividade vulcânica submarina ativa, além de criar sistemas de alerta em casos de novas erupções de grande porte.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.