A criptografia de aproximadamente 10% da internet passa por algumas lâmpadas de lava – aquelas luminárias diferentonas, com bolhas subindo e descendo, que eram moda no começo dos anos 2000. E existe uma explicação para isso.

Para quem tem pressa:

  • Cerca de 10% da internet utiliza lâmpadas de lava para a criptografia;
  • Por definição, a criptografia, utilizada há séculos, consiste em embaralhar dados para que apenas remetente e destinatário possam lê-los;
  • A Cloudflare, empresa de criptografia, utiliza lâmpadas de lava para gerar dados aleatórios essenciais para uma criptografia forte;
  • A empresa utiliza as cores aleatórias dos pixels das lâmpadas de lava para criar chaves de criptografia mais seguras e eficazes;
  • Assim, as lâmpadas de lava são uma excelente fonte de dados aleatórios, pois nunca assumem a mesma forma duas vezes, proporcionando imprevisibilidade.

Para entender o que as luminárias têm a ver com criptografia, é preciso entender a lógica por trás do funcionamento de ambas. E o Olhar Digital te explica. Confira abaixo:

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Criptografia: o que é e como funciona

Hacker usando notebook com celular do lado
(Foto: Antoni Shkraba/Pexels)

Embora associada, hoje em dia, à computação, a criptografia existe há séculos. Para você ter uma ideia, a primeira cifra registrada, usada por oficiais militares espartanos para comunicação secreta, data de aproximadamente 400 a.C.

A criptografia, em sua forma mais básica, consiste em embaralhar dados (sejam texto, imagem ou vídeo) para que apenas o remetente e o destinatário com suas chaves de criptografia possam lê-los.

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Ela varia em complexidade. Ao usar cifras de substituição simples (por exemplo, a = b, b = c e assim por diante), você está pegando texto simples e convertendo-o em texto cifrado criptografado. Outra pessoa pode convertê-lo de volta em texto legível se tiver (ou adivinhar) a lógica por trás da sua codificação.

Já na criptografia de computadores, as chaves de criptografia de 56 bits, com mais de 72 quintilhões de possibilidades, provaram ser fáceis demais de serem quebradas quando foram resolvidas por especialistas em segurança em equipamentos de informática recondicionados em 56 horas pela força bruta.

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Além de usar chaves de 128 bits ou superiores, os especialistas em segurança tentam torná-las mais difíceis de quebrar, tornando-as o mais aleatórias possível. Só que computadores, que trabalham sob a lógica binária “se isso então aquilo”, não são bons para isso. É aí que entram as lâmpadas de lava.

Método lâmpada de lava

Lâmpada de lava
(Imagem: Em Hopper/Pexels)

A Cloudflare, empresa que criptografa até 10% da Internet usando o método da lâmpada de lava, explica, em seu site:

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Para produzir os dados imprevisíveis e caóticos necessários para uma criptografia forte, um computador deve ter uma fonte de dados aleatórios. O ‘mundo real’ acaba sendo uma grande fonte de aleatoriedade, porque os eventos no mundo físico são imprevisíveis.

Você já deve ter encarado uma lâmpada de lava por, pelo menos, alguns segundos. Além de bonitas, elas são consistentemente aleatórias. “A ‘lava’ na lâmpada nunca assume a mesma forma duas vezes e, como resultado, observar um grupo de lâmpadas de lava é uma excelente fonte de dados aleatórios”, explica a página da Cloudflare

Na Cloudflare, há uma parede com cerca de 100 lâmpadas de lava funcionando. De vez em quando, uma câmera apontada para as lâmpadas tira uma foto. As cores aleatórias dos pixels são então usadas para criar uma chave de criptografia.

Todas as imagens digitais são realmente armazenadas pelos computadores como uma série de números, com cada pixel tendo seu próprio valor numérico. Assim, cada imagem se torna uma sequência de números totalmente aleatórios que os servidores Cloudflare podem então usar como ponto de partida para criar chaves de criptografia seguras.

Cloudflare

A natureza imprevisível desta chave, sem padrões óbvios na longa sequência numérica que pode ser discernida e usada para decifrar o código, torna-a muito eficaz como método de criptografia.