Internet e Redes Sociais

TikTok: conteúdos nazistas circulam na rede, alerta pesquisa

Um estudo aponta que conteúdos nazistas e com discurso de ódio estão cada vez mais presentes no TikTok. Os usuários da rede social têm driblado as ferramentas de moderação por meio de expressões e símbolos aparentemente banais, mas que escondem mensagens de incitação ao ódio e violência, cooptando jovens para grupos extremistas.

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Tática “apito de cachorro”

  • A partir de uma observação de duas semanas, as pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo concluíram que usuários do TikTok têm utilizado a tática conhecida como “apito de cachorro” (em referência ao apito canino inaudível para humanos e usado para adestrar cães) para disseminar o conteúdo ilegal.
  • Para o estudo, elas criaram uma conta que passou a seguir e curtir vídeos de perfis com conteúdo neonazista e que fazem parte da subcomunidade que cultua autores de massacres escolares.
  • Em pouco tempo, o algoritmo do TikTok reconheceu o conteúdo preferido do perfil e passou a fazer recomendações de vídeos e contas dessa temática na aba “Para você”.
  • Procurada, a empresa afirma que trabalha constantemente para garantir que a plataforma seja um ambiente em que todos se sintam seguros.
  • Por isso, diz que as diretrizes deixam claro o que não pode ser publicado, como a propagação de violência e ódio.
  • As informações são da Folha de São Paulo.
(Imagem: DANIEL CONSTANTE / Shutterstock)

Outras formas de driblar a moderação do TikTok

As pesquisadoras alertam sobre o risco de esses conteúdos alcançarem os jovens, principalmente aqueles com transtornos mentais ou em sofrimento. É o caso do aluno de 16 anos que entrou armado na escola estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na última segunda (23), matando uma adolescente e ferindo outros três estudantes.

No inquérito policial, a mãe do atirador revelou que ele era um usuário frequente do Tiktok e produzia conteúdo em situações controversas para alcançar mais seguidores e fama. Em uma ocasião, o jovem publicou um vídeo com uma suástica desenhada no rosto e, às vésperas do ataque na escola, se automutilou na coxa com o símbolo. Para a polícia, o objetivo dele era se promover na internet com o ataque.

Apesar do caso mais recente, o estudo cita que os usuários têm se distanciado de símbolos mais conhecidos, como a suástica, e optado por códigos nos nicknames e símbolos na foto do perfil. Um deles é o símbolo do Sol Negro, que pesquisas apontam ser símbolo popular entre neonazistas e é composto por três elementos: a roda solar, a suástica e uma letra do alfabeto usado pelas antigas tribos germânicas.

Há, ainda, diversos nicknames que combinam os números 14 e 88. Isso porque o número 14 se refere às 14 palavras da frase do supremacista branco americano David Lane e o 88 significa “Heil Hitler”, uma vez que o número representa a letra H, a oitava no alfabeto.

Na pesquisa ainda é citada a trend “caça aos gnomos”, que foi denunciada em junho pela GNET (Global Network on Extremism and Technology) por fazer uma referência velada à “caça aos judeus”.

Dados da ONG Safernet mostram como a estratégia de disfarçar esse tipo de conteúdo funciona para driblar tanto a moderação como as denúncias. Após registrar dois anos de recordes consecutivos, as denúncias de conteúdos de neonazismo tiveram uma queda.

Esta post foi modificado pela última vez em 30 de outubro de 2023 11:12

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Publicado por
Alessandro Di Lorenzo
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