Tempo para combater o aquecimento global está acabando; quanto ainda nos resta?

Estudo alerta que janela de tempo para conter o aquecimento global está cada vez menor e que efeitos serão devastadores para o planeta
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 31/10/2023 13h16, atualizada em 01/11/2023 21h27
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Limitar o aumento da temperatura da Terra a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Essa foi a meta proposta no Acordo de Paris, assinado em 2015, para combater o aquecimento global. No entanto, ela parece cada vez mais distante. Para piorar, cientistas alertam que essa marca deve ser ultrapassada até 2030, desencadeando efeitos cada vez mais devastadores para o planeta e, consequentemente, para a humanidade.

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Estamos ficando sem tempo, alerta estudo

  • O estudo publicado na revista Nature Climate Change alerta que temos pouco mais de seis anos para tentar reverter o quadro do aquecimento global.
  • Atualmente, emitimos quase 40 gigatoneladas de CO2 na atmosfera todos os anos.
  • Os pesquisadores calcularam que nesse ritmo, se emitirmos mais de 276 gigatoneladas (250 gigatoneladas métricas) de dióxido de carbono, atingiremos temperaturas 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até o final desta década.
  • O trabalho dos cientistas é baseado em dados usados em um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
  • Os pesquisadores, no entanto, revisaram os métodos para contabilizar as emissões mais recentes e as emissões históricas de aerossóis, pequenas partículas suspensas no ar que podem refletir a luz solar, compensando parcialmente os efeitos de aquecimento dos gases de efeito estufa.
  • As informações são da Live Science.
Calor
(Imagem: VladisChern/Shutterstock)

Ações contra o aquecimento global precisam ser imediatas

O novo estudo indica que o “orçamento” de carbono restante para manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC foi reduzido de 550 gigatoneladas (500 gigatoneladas métricas) de CO2 para 276 gigatoneladas. Em outras palavras, os esforços para conter as mudanças climáticas precisam ser maiores e mais rápidos.

A equipe também calculou que temos 1.323 gigatoneladas (1.200 gigatoneladas métricas) de CO2 restantes para emitir antes de violarmos o Acordo de Paris. Essas estimativas vêm acompanhadas de grandes incertezas ligadas aos efeitos de outros gases de efeito estufa, como o metano.

Outros pontos que os pesquisadores não conseguem prever com exatidão são o aumento do crescimento da vegetação em certas regiões, que poderia absorver grandes quantidades de CO2 e compensar algum aquecimento, e as mudanças na circulação oceânica e derretimento das camadas de gelo, que poderiam acelerar o aquecimento.

Nossa descoberta confirma o que já sabemos – não estamos fazendo o suficiente para manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC. Podemos ter cada vez mais certeza de que a janela para manter o aquecimento em níveis seguros está se fechando rapidamente.

Robin Lamboll, pesquisador do Centro de Política Ambiental do Imperial College London e principal autor do estudo

Especialistas afirmam que os resultados do estudo não significam que o aumento de 1,5ºC será alcançado obrigatoriamente nos próximos 6 anos. Eles explicam que há um intervalo de tempo entre a liberação das emissões e os efeitos do aquecimento que serão sentidos no planeta. E lembram que as temperaturas recordes registradas nos últimos meses são resultados de décadas de emissões de gases de efeito estufa.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.