Descoberto besouro que finge ser cupim para ser alimentado

Animal em questão vive na Austrália e é um parasita social, aproveitando-se do trabalho do cupim para se alimentar
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 02/11/2023 05h00
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Imagem: Oasishifi/Shutterstock
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Pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) descobriram novo tipo de besouro que se passa por cupim para ser alimentado por outros insetos. Trata-se de adaptação tanto física, na aparência e estrutura, quanto química, que permite ao animal se infiltrar dentro de cupinzeiros, fingindo ser um deles.

Besouro ou cupim?

  • O besouro Austrospirachtha carrijoi é uma espécie pequena e parasitária e foi encontrada na Austrália pelo pesquisador Tiago Carrijo, doutor em Entomologia pela USP;
  • O que difere essa espécie de outros besouros é a capacidade de se passar por cupim, tanto na forma física quanto na composição química;
  • De acordo com o pesquisador Bruno Zilberman, um dos autores do artigo que relata a descoberta, besouros comuns têm corpo endurecido, mas essa espécie passou, especificamente, por processo de adaptação, que permite expandir o abdômen de forma que ele fique inflado com aspecto membranoso;
  • Isso o deixa entrar em cupinzeiros e se disfarçar de cupim. Além disso, ao olhar o inseto de cima, sua estrutura também se assemelha a de um cupim, dificultando a identificação;
  • Ainda, de acordo com o Jornal da USP, os cupins são cegos e não enxergam a similaridade do besouro, mas são bons com os sensores químicos, podendo perceber a diferença no “cheiro”. No entanto, o animal também consegue disfarçar esse aspecto para se infiltrar, além de imitar o comportamento.

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(Imagem: Cedida pelo pesquisador/Jornal da USP)

Por que o besouro faz isso?

O besouro em questão é um parasita social. Ele imita o aspecto químico e visual do cupim para se infiltrar nos cupinzeiros e ser alimentado. Porém, ele não trabalha para conseguir esse alimento, como outros cupins fazem.

Além disso, o besouro usa o mimetismo visual como estratégia para enganar possíveis predadores, já que, olhando de cima, ele não se destaca.

Os pesquisadores, porém, enfatizam que essa é uma forma extrema de adaptação e, sem a presença dos cupinzeiros, a espécie não sobreviveria sem essa estratégia. Agora, eles querem analisar a fauna brasileira e entender se isso acontece por aqui.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.