Guerra dos chips: nova aposta da Huawei pode desbancar Nvidia

Novo chip de IA da Huawei deve substituir toda a participação do mercado chinês da Nvidia, proibida de continuar vendendo para a China
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 07/11/2023 15h25
Placa da Huawei para representar o Mate 50
Placa da Huawei para representar o Mate 50. Imagem: Rad K/ Shutterstock
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O braço de ferro entre Estados Unidos e China continua. A Casa Branca antecipou a proibição de venda de mais modelos de chips semicondutores para Pequim. A medida impacta diretamente a Nvidia, que já não pode mais comercializar os chips A800 e H800 da empresa com os chineses. Por outro lado, especialistas apontam que isso pode dar uma vantagem significativa para a Huawei, que deve lançar nos próximos meses seu novo chip de IA.

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Fortalecimento da Huawei

A Huawei tem aumentado os investimentos na sua linha de chips de IA nos últimos quatro anos. A companhia chinesa lançou oficialmente o Ascend 910 em 2019. Mas no mesmo ano, a empresa tornou-se alvo de controles de exportação por parte dos EUA.

As sanções norte-americanas atrapalharam os planos da Huawei, que não conseguiu diminuir o domínio da Nvidia dentro e fora da China. Segundo especialistas, embora a empresa chinesa tenha sua própria versão de ecossistema de softwares, ela é mais limitada em termos dos modelos de IA que é capaz de treinar em comparação a concorrente ocidental.

Mas isso pode mudar com as mais recentes proibições de venda para a China adotadas pela Casa Branca. A medida praticamente escancara o mercado interno para a Huawei. Além disso, a empresa está prestes a anunciar o Ascend 910B, o seu novo chip de IA.

No mês passado, durante a teleconferência de resultados da iFlyTek, o vice-presidente sênior Jiang Tao disse que as capacidades do novo produto eram “comparáveis ao A100 da Nvidia”. A Baidu encomendou 1.600 chips Huawei 910B para 200 servidores em agosto. As informações são da Reuters.

Os mais diversos relatos apontam que os novos chips da Huawei são comparáveis aos da Nvidia em termos de poder de computação bruto, mas ainda estão atrasados em desempenho. Ainda assim, são vistos como a opção doméstica mais sofisticada disponível na China, o que deve garantir um incremento de US$ 7 bilhões, mais de R$ 35 bilhões, nas receitas da empresa chinesa, abocanhando a participação de mercado superior a 90% da Nvidia no país.

Guerra dos chips entre EUA e China
Guerra dos chips é mais um embate entre Estados Unidos e China (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Guerra dos chips

Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

Importância dos chips semicondutores

  • Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
  • Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
  • Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.