A Suécia adotou o compromisso de se tornar o primeiro país europeu sem fumantes. E para atingir esse objetivo o governo sueco tem apostado no snus, um saquinho de tabaco, ou nicotina, apontado como uma alternativa ao cigarro. No entanto, especialistas apontam problemas no consumo do produto.

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Snus faz parte da história da Suécia

  • Consumido por um em cada sete suecos, o snus contribuiu para reduzir o número de fumantes de 15% para 5% em menos de 20 anos, um recorde na Europa, segundo o governo sueco.
  • O produto é banido no restante da União Europeia desde 1992, mas é liberado no país nórdico.
  • Apenas em 2021, a empresa Swedish Match vendeu 277 milhões de caixas de snus.
  • O consumo destes saquinhos tem mais de 200 anos de história e faz parte da cultura no país.
  • As informações são do UOL.

Governo sueco incentiva o consumo

O tabaco vem dos Estados Unidos e da Índia, passa por um silo, é embalado em saquinhos como se fosse chá e depois é colocado em latas para venda na Suécia. Existem dois tipos: o snus clássico de cor escura que contém tabaco, e o snus branco, composto de nicotina sintetizada e, em geral, aromatizada.

O snus branco, cuja produção industrial começou há cerca de 15 anos, aproveita-se de uma lacuna legal na UE, porque não contém tabaco. Na Europa, ele é proibido apenas na Bélgica e na Holanda, desde 2023.

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Na Suécia, o consumo de snus branco aumentou de 3% para 12% em quatro anos entre mulheres de 16 a 29 anos. Em torno de 15% dos suecos consomem o produto diariamente, o que representa um leve aumento nos últimos anos. 

Ao mesmo tempo, o número de fumantes caiu significativamente. Segundo dados de 2022 da Autoridade de Saúde Pública, não há mais de 5% de fumantes regulares. O objetivo da UE é alcançar este objetivo até 2050.

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Consumo de snus virou uma febre na Suécia (Imagem: Anastasiya Shatyrova/Shutterstock)

Alternativa ao cigarro também pode ser prejudicial à saúde

Para incentivar ainda mais essa tendência, o governo da Suécia anunciou recentemente o aumento dos impostos sobre os cigarros em 9% e uma redução de 20% sobre o snus tradicional. Mas a decisão gerou polêmica.

Foi uma surpresa e uma verdadeira decepção. Isto mostra que o governo acredita completamente nesse conto da carochinha da indústria do tabaco que apresenta o snus como um produto que reduz riscos. Faltam estudos científicos. Sabemos que o snus e outros produtos que contêm nicotina alteram a pressão arterial e que há riscos de doenças cardiovasculares.

Ulrika Årehed Kågström, secretária-geral da Fundação Sueca contra o Câncer

Publicada em junho de 2023, uma pesquisa feita pelo Instituto Norueguês de Saúde Pública indica que, entre os consumidores regulares de snus, os riscos de câncer de esôfago e do pâncreas são três e duas vezes mais elevados, respectivamente, do que entre os indivíduos que não consomem nicotina. 

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Já em 2017, um estudo publicado no International Journal of Cancer analisou dados de 400 mil consumidores de snus e concluiu que não havia ligação entre o câncer e essa substância.