Câncer de mama: seio biônico pode restaurar sensação de toque para pacientes

O seio biônico é implantado na pele do peito e conta com sensores de pressão artificiais que mandam estímulos para o cérebro
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 18/11/2023 01h00, atualizada em 01/12/2023 10h29
Médica realiza monitoramento de câncer de mama
Imagem: ORION PRODUCTION/Shutterstock
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Um novo seio biônico, que está em fase de testes, pode ser liberado para uso em pacientes que passaram pelo tratamento de câncer de mama. A previsão de liberação da tecnologia é para esta década. O dispositivo é implantado na pele do peito e conta com sensores de pressão artificiais. O trabalho recebeu aproximadamente US$ 4 milhões, cerca de R$ 20 milhões na cotação atual, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos através dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH).

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Perda da sensação do toque

  • Centenas de milhares de mulheres têm um ou dois seios removidos todos os anos para evitar o retorno do câncer de mama.
  • A cirurgia também pode ser realizada como tratamento preventivo para quem possui risco genético alto de ter a doença.
  • O procedimento reconstrutivo geralmente inclui implantes ou tecidos retirados de outras partes do corpo, mas sem a possibilidade de restaurar os nervos conectados ao peito e mamilos.
  • Isso significa que muitas pacientes acabam perdendo a sensação de toque, prejudicando a qualidade da vida sexual e também trazendo impactos negativos na saúde mental.
Imagem mostra o torso de uma mulher ao fundo, à frente ela segura um laço rosa, símbolo da campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama
Câncer de mama afeta milhares de mulheres todos os anos (Imagem: Alejandro_Munoz/Shutterstock)

Como funciona o seio biônico?

A cientista responsável pelo seio biônico é a ginecologista e obstetra da Universidade de Chicago Stacey Lindau. Ela diz que teve a ideia de construir o dispositivo após acompanhar a recuperação da cirurgia reconstrutiva de diversas pacientes.

Um exemplo foi a impossibilidade de sentir o calor e aperto dos abraços dos amigos advinda da falta de sensibilidade pós-cirurgia. Segundo a médica, os seios são um órgão sexual importante para muitas mulheres, e perder a sensibilidade no local seria, para algumas, tão perturbador quanto perder o pênis para os portadores do órgão.

A tecnologia conta com sensores de pressão artificiais implantados sob a pele do seio reconstruído. Quando estimulados, estes dispositivos mandam sinais a eletrodos posicionados abaixo dos braços, que, por sua vez, estimulam nervos intercostais que passam entre as costelas. Esses nervos enviam os sinais ao cérebro, que interpretaria eles como um toque.

O seio biônico será testado em oito pacientes passando pelo processo de mastectomia e reconstrução dos órgãos para garantir que o caminho biônico realmente conseguirá levar os sinais elétricos até os nervos através dos eletrodos. Bioengenheiros também atuam no desenvolvimento dos sensores de pressão artificiais a partir de materiais poliméricos cuja sensação seja próxima à dos tecidos dos seios. O objetivo é garantir que os sensores não irão causar respostas imunes prejudiciais após o implante.

Os pesquisadores esperam usar a tecnologia para além dos pacientes de câncer de mama, podendo aplicar o método em outros membros prostéticos e situações onde pessoas acabem tendo perda de funções sensoriais, devolvendo o toque e a sensação de calor a quem há muito não consegue mais sentir.

As informações são da Live Science.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.