O mercado de elétricos está aquecido no mundo todo. No Brasil, por exemplo, as vendas cresceram 1.600% nos últimos cinco anos. Apesar disso, um levantamento realizado pela JATO do Brasil, empresa de inteligência global de negócios automotivos, aponta que os carros eletrificados (híbridos, híbridos plug-in e elétricos 100% a bateria) correspondem a apenas 5% do total de veículos vendidos no país em 2023. Já quando considerados apenas os 100% elétricos, o percentual é de somente 0,7%. Segundo especialistas, o principal obstáculo para a popularização dos produtos ainda é o preço alto.

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Cenários dos carros elétricos no Brasil

Atualmente, todos os modelos 100% elétricos no Brasil são importados. Mas o início da fabricação deles por aqui pode melhorar o cenário nacional até o fim da década. As montadoras chinesas BYD e GWM, além da Stellantis, devem começar a produzir no país entre o ano que vem e 2025.

Uma pesquisa realizada pela OLX em outubro mostrou que 40% dos brasileiros consideram comprar um carro híbrido ou elétrico. O problema é o alto custo em comparação com os veículos a combustão.

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A soma de todos os carros de passageiros vendidos no país tem um valor médio de R$ 140 mil, enquanto os eletrificados partem desse valor. É um custo muito mais alto, o que gera essa restrição.

Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da JATO do Brasil

A chegada da BYD e GWM ao mercado brasileiro já puxou o preço de alguns modelos elétricos para baixo, algo em torno R$ 150 mil. Mesmo assim, especialistas destacam que os elétricos vendidos a R$ 150 mil, por exemplo, são similares aos veículos convencionais a combustão, pouco sofisticados, que custam cerca de R$ 80 mil.

O Caoa Chery iCar, 100% elétrico, é o modelo o mais barato da categoria no país, e passou a custar R$ 119.990,00 depois de uma redução de valor em agosto. O custo, no entanto, ainda é 88% maior em comparação com o Renault Kwid, um dos mais baratos a combustão entre os zero km do mercado e que pode ser encontrado por R$ 63.990,00. As informações são do G1.

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Por que os preços são mais altos no Brasil?

  • O preço dos carros elétricos são mais altos uma vez que eles reúnem muitos equipamentos com tecnologia mais recente e sofisticada.
  • Além disso, utilizam um número maior de semicondutores, peças utilizadas pela indústria automobilística e que têm enfrentado escassez global nos últimos anos.
  • Também existe uma influência da cotação do dólar, em especial porque, atualmente, o mercado brasileiro é formado por elétricos importados.
Carro elétrico sendo carregado
Carro elétrico sendo carregado (Imagem: Shutterstock)

Outros obstáculos

Outro problema é o número de pontos de recarga para elétricos ainda bastante baixo no Brasil, especialmente fora dos grandes centros comerciais. De acordo com levantamento da JATO, são cerca de 3 mil postos de carregamento, concentrados nas capitais e em algumas cidades com mais de um milhão de habitantes. Isso representa, excluindo a área da Amazônia, 0,00058 carregador por km².

Podemos olhar para isso como um dado negativo no momento. Mas também dá para observar como um potencial de investimento e de crescimento muito grande.

Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da JATO do Brasil

O Brasil ainda é muito dependente da iniciativa privada, e as próprias importadoras são responsáveis pelos investimentos em pontos de recarga. Além disso, a falta de legislação para o setor dificulta que haja maior volume de investimentos pelas empresas.

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Existem discussões sobre incentivos nacionais aos modelos elétricos. Mas, por enquanto, não há ações federais concretas, e estados adotam medidas diferentes relacionadas ao mercado. Alguns estados, como no Rio Grande do Norte, têm isenção completa de IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores). Em outros casos, como o Rio de Janeiro, têm alíquota reduzida do imposto.

Apesar dos obstáculos, a JATO do Brasil projeta que até 2029 o número de vendas de elétricos e híbridos avance dos atuais 5% para até 10% do total de veículos de passeio em território nacional.