Pesquisadores descobriram que um encolhimento no hipocampo provoca declínio cognitivo independentemente de o paciente ter as proteínas tau e amiloide em excesso no cérebro. Segundo o site The Conversation, esse achado pode mudar o tratamento de pacientes com Alzheimer e outras condições neurodegenerativas.

Para você entender o impacto da descoberta, precisamos primeiro lembrar o que é o hipocampo. Essa é uma pequena área do cérebro, do tamanho de um cavalo-marinho, responsável por diversas funções, além do aprendizado, como:

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  • regular emoções;
  • transformar memórias de curto prazo em memórias de longo prazo;
  • permitir a navegação espacial.

À medida que envelhecemos, naturalmente o nosso hipocampo diminui um pouco em tamanho. No entanto, esse encolhimento é mais acentuado em pessoas que têm determinados hábitos de vida nocivos – como alimentação inadequada e consumo excessivo de álcool – e também com doenças, entre elas, Alzheimer. Por isso, essa perda de volume tende a vir antes de sinais de declínio cognitivo.

Alimentação saudável preza pela qualidade dos alimentos
Imagem: LightField Studios / Shutterstock

Outros biomarcadores também são importantes no diagnóstico e tratamento do Alzheimer e de outras doenças cerebrais. É o caso das proteínas tau e beta amiloide, que são importantes para o bom funcionamento do órgão, mas que são prejudiciais quando estão em excesso.

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De forma mais detalhada, os emaranhados de tau destroem os neurônios por dentro, enquanto as placas amiloides se aglomeram na parte externa dos neurônios.

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Como o estudo foi feito?

idosos
Imagem: evrymmnt/Shutterstock

O estudo, publicado na revista Neurology, coletou dados de 128 idosos durante dez anos. No início da pesquisa, esses participantes não apresentavam sinais de comprometimento cognitivo.

Além de registrar o desempenho dos participantes em testes cognitivos, eles fizeram exames de imagem cerebral para observar o volume do hipocampo e ainda rastrearam as proteínas tau e amiloide.

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Ao longo da década, eles descobriram que:

  • O encolhimento do hipocampo estava relacionado com o declínio cognitivo.
  • Quanto mais rápido fosse a diminuição do volume, mais rápido seria o comprometimento cognitivo.
  • Pessoas com menor hipocampo no início do estudo tiveram uma diminuição do tamanho mais rápida.
  • A correlação entre encolhimento do hipocampo e declínio cognitivo continuou forte mesmo depois que eles removeram a influência das proteínas tau e amiloide das análises.

Consequências da pesquisa

Ilustração de idoso se desfazendo em peças de quebra-cabeça para retratar conceito do Alzheimer
Imagem: OPAS

Apesar de usar uma amostra pequena, esta pesquisa sugere algumas questões importantes. A primeira é que as placas amiloides e emaranhados de tau podem não ser os únicos gatilhos para o declínio cognitivo.

Em segundo lugar, os resultados podem ajudar no tratamento de pacientes, pois se o comprometimento cognitivo tiver sido decorrência da diminuição do volume do hipocampo, provavelmente medicamentos para combater placa amiloide terão pouco efeito em retardar a progressão do Alzheimer.