Estamos próximos de descobrir um material supercondutor? Talvez, não. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
Em julho deste ano, pesquisadores da Coreia do Sul anunciaram o desenvolvimento de um supercondutor de eletricidade em temperatura e pressão ambientes. Isso é algo tão revolucionário que, se fosse confirmado, poderia mudar o mundo.
Vamos entender o porquê. Os supercondutores transmitem eletricidade sem resistência e têm uma série de propriedades magnéticas que os tornam inestimáveis em aplicações tecnológicas. Normalmente, os supercondutores precisam ser resfriados a temperaturas muito baixas. Assim, um supercondutor capaz de trabalhar fora do laboratório em condições regulares seria realmente transformador.
No entanto, os verbos, pelo visto, vão continuar sendo conjugados no futuro do pretérito – traduzindo: o que poderia ter sido, mas não foi. Isso porque diversos estudos já derrubaram a hipótese. E agora chegou mais um para, talvez, encerrar de vez esse assunto.
Vamos recapitular essa história:
Desde 1911, quando a descoberta da supercondutividade surpreendeu a comunidade científica, os pesquisadores têm buscado materiais que se comportem como supercondutores em situações comuns, fora do ambiente de laboratório.
A supercondutividade é caracterizada pela ausência de resistência elétrica e pela capacidade de repelir campos magnéticos, permitindo a levitação acima de ímãs. Imagine se encontrássemos um material por meio do qual a eletricidade fluísse sem resistência a temperaturas e pressões normais. Isso abriria portas para supercomputadores, trens flutuantes e sistemas de energia ultra-eficientes.
Houve expectativa de que 2023 fosse o ano em que os cientistas alcançariam a supercondutividade em condições ambientes. No entanto, essas esperanças foram frustradas três vezes em poucos meses, em revisões por pares das descobertas da equipe sul-coreana sobre o LK-99.
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Composto por cobre, chumbo, fósforo e oxigênio, esse material tem sido alvo de atenção após a alegação de que sua resistência elétrica diminuía drasticamente a 105°C.
E mais um estudo, publicado esta semana na revista Matter, vem corroborar com as três revisões anteriores e atestar que LK-99 não é um material supercondutor.
Pesquisadores do Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências descobriram que as tais propriedades supercondutoras do LK-99 provavelmente se originam de impurezas no material (em particular, sulfeto de cobre), em vez do próprio composto, ou seja, é um comportamento resultante de uma transição estrutural.
Esta post foi modificado pela última vez em 30 de novembro de 2023 13:43