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COP28 vai ter que lidar com desinformação sobre mudanças climáticas

A cúpula da Organização das Nações Unidades (ONU) sobre o clima (COP28) começou nesta quinta-feira (30) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e deve discutir novos compromissos para limitar o aumento das emissões e da temperatura global. No entanto, uma preocupação acerca do evento é a desinformação propagada por empresas, influenciadores digitais e até alguns países participantes.

Um relatório da Climate Action Against Disinformation, uma coligação internacional de mais de 50 grupos de defesa ambiental, já havia notado uma “mobilização alarmante para a violência” contra os ativistas de meio-ambiente.

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Desinformação na COP28

  • Mais de 700 delegados se reúnem na COP28 a partir desta quinta-feira, incluindo políticos e empresários. Alguns deles, inclusive, foram responsáveis por propagar desinformação relacionada aos temas do evento.
  • De acordo com o relatório do Climate Action Against Disinformation, a China e a Rússia foram alguns deles. Empresas de combustíveis fósseis e personalidades digitais também.
  • Estas últimas ganharam notoriedade disseminando notícias falsas sobre o meio ambiente, como que os seres humanos não seriam responsáveis pelas alterações climáticas, que o planeta está esfriando e que bilionários do petróleo são os líderes da descarbonização.
  • Ainda de acordo com o estudo, essas alegações aumentam as teorias das conspirações e, principalmente, o assédio contra profissionais sérios da área.
Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock

Polêmicas e riscos da desinformação no meio ambiente

  • De acordo com Jennie King, autora da Climate Action Against Disinformation, ao The New York Times, a desinformação sobre o clima se tornou central da vida pública.
  • Para ela, isso vem de “estranhas alianças” entre empresas, pessoas e países, cada uma com sua motivação, para descreditar os fatos sobre a mudança climática. O objetivo final é normalizar a desinformação.
  • A própria COP28 foi alvo de polêmicas: o presidente desta edição é o sultão al-Jaber, que também é presidente executivo da Adnoc, a petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos.
  • Há receios que a liderança dele seja um conflito de interesses, uma vez que o país é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo e tem um histórico de baixa adesão às metas climáticas.
  • De acordo com o NYT, este ano um especialista em desinformação no Catar descobriu ao menos 100 contas falsas defendendo o presidente do evento nas redes sociais.
  • Já um documento interno revelado pelo jornal mostrou como os Emirados querem usar o papel de anfitrião para emplacar negócios e metas que afetem menos a indústria de petróleo e gás.
Greta Thunberg é uma das ativistas do clime alvo de desinformação (Imagem: Liv Oeian – Shutterstock)

Como isso afeta a COP28

A normalização da desinformação pode invalidar os objetivos da COP28, que vai receber alguns desses propagadores.

Além disso, pode promover a violência e o assédio contra cientistas e outros ativistas presentes. Um relatório deste ano do grupo de vigilância Global Witness revelou que 73% dos cientistas climáticos que frequentemente tinha grande projeção midiática sofreram assédio ou abuso online por conta do trabalho.

Greta Thunberg é um deles. A ativista, inclusive, foi vítima de zombarias por parte da China e da Rússia, chamando-a de “princesa sueca” e “Dr. Gollum do clima”.

Ainda, o grupo descobriu que, durante a edição anterior do evento, a hastagh #climatescam (golpe do clima) teve mais compartilhamentos e curtidas do que #climatecrisie (crise do clima) e #climateemergency (emergência do clima) no X/Twitter.

Pesquisadores atribuíram essa popularização de descreditar a crise climática a um pequeno grupo de influenciadores digitais ligados ao meio ambiente, mas que negam os eventos do aquecimento global.

Esta post foi modificado pela última vez em 30 de novembro de 2023 19:26

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Publicado por
Vitoria Lopes Gomez