Tumba de 5.800 anos é considerada o maior feito de engenharia da Idade da Pedra

Pesquisadores descobriram que diversas técnicas de engenharia foram utilizadas para construir a Cova da Menga, tumba localizada na Espanha
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 04/12/2023 15h03, atualizada em 02/01/2024 15h30
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A Cova da Menga, ou Dólmen da Menga, é uma tumba em forma de galeria localizada em Antequera, no sul da Espanha. Os pesquisadores acreditam que o monumento, que só foi descoberto em 2020, tenha sido construído há cerca de 5.800 anos. E agora, um estudo aponta que este é o maior feito de engenharia conhecido da Idade da Pedra.

Leia mais

A tumba

  • O Dólmen de Menga é um dos megálitos (pedra de grandes dimensões) encontrados na região de Antequera e foi construído entre 3600 a.C e 3800 a.C.
  • A construção tem 25 metros de profundidade, 4 metros de altura e foi construído com 32 megálitos.
  • Ela aponta para La Peña de los Enamorados, a cerca de 6,5 quilômetros a nordeste, o que sugere que a montanha tinha um papel importante para os povos que viviam ali.
  • O leito rochoso do local onde está localizada a sepultura está inclinado para o nascer do Sol no solstício de verão, e a construção foi feita de forma que essa luz seja canalizada para o fundo da câmara, indicando a relação dos povos pré-hispânicos com o astro.
  • A arquitetura e posição da tumba e das enormes pedras se assemelham muito com as construções pré-históricas em outros locais, como Irlanda, Suécia e Marrocos. 
  • Todas essas estruturas megalíticas possuem um forte relação com o Sol, mesmo que elas não estivessem necessariamente ligadas ao solstício de verão.
  • Essas semelhanças podem indicar que os povos que habitavam essas regiões provavelmente tinham crenças parecidas.
Representação artística da extração da pedra (Imagem: desenho de Moisés Bellilty sob orientação de José Antonio Lozano Rodríguez e Leonardo García Sanjuán)

Maior feito de engenharia da época

Pesando cerca de 150 toneladas, a pedra de Menga é a segunda maior pedra já usada em um dólmen neolítico. Usando uma série de técnicas, os pesquisadores descobriram que as pedras são “principalmente calcarenitas, uma rocha sedimentar detrital mal cimentada comparável àquelas conhecidas como ‘pedras moles’ na engenharia civil moderna”.

Tais pedras são particularmente difíceis de transportar sem danificá-las, o que significa que quem construiu a tumba deve ter planejado o projeto meticulosamente.

Trabalhar com essas pedras grandes e frágeis deve ter envolvido um investimento maciço de mão de obra não apenas no trabalho de pedra, mas também na marcenaria e fabricação de cordas. Grandes quantidades de madeira devem ter sido usadas para construir os andaimes usados no processo de extração e para preparar as estradas em que as pedras maciças foram transportadas.

Autores do estudo em publicação na revista Scientific Reports

A escolha do local da construção, um pouco abaixo da pedreira que fornecia as matérias-primas, também deve ter sido feita por uma questão logística. Isso permitia que os antigos construtores transportassem as rochas maciças em uma trajetória descendente constante. Além disso, o substrato no topo da colina é consideravelmente mais estável do que os solos argilosos moles circundantes, proporcionando assim uma base mais firme e segura para a construção.

Os construtores antigos ainda tomaram medidas para diminuir os danos causados pela água nas pedras. Eles isolaram os megálitos com grandes montes feitos de “camadas alternadas de arenitos planos cuidadosamente interligados e solo prensado”.

A partir de todas essas descobertas, os pesquisadores consideraram que a estrutura é “o monumento de pedra mais colossal construído em seu tempo na Europa”. As informações são da IFLScience.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.