Derretimento de permafrosts pode “inundar” atmosfera com metano; entenda os riscos

Cientistas alertam que o derretimento de permafrosts liberaria metano em grandes quantidades, acentuando os impactos do aquecimento global
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 14/12/2023 01h40, atualizada em 14/12/2023 21h30
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Um novo estudo divulgado na revista Frontiers in Earth Science alerta para a possibilidade de grandes quantidades de metano serem liberadas na atmosfera a partir do derretimento de permafrosts. De acordo com o grupo de pesquisadores envolvido no trabalho, isso aceleraria o processo do aquecimento global.

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Impactos do derretimento de permafrosts

  • As regiões permanentemente congeladas da Terra são chamadas de permafrosts e cobrem cerca de 25% da superfície terrestre do Hemisfério Norte, sobretudo na Rússia, Canadá e Alasca.
  • Mas com o aumento das temperaturas, essas geleiras começam a derreter e provocam o aumento do nível dos mares.
  • Além disso, liberam progressivamente os gases que estavam neutralizados.
  • Até agora, o dióxido de carbono era o principal problema, mas pesquisas têm mostrado que o metano também pode ser liberado neste processo. 
  • As informações são da IFLScience.
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Permafrosts estão derretendo (Imagem: wayak /Shutterstock)

Alerta dos pesquisadores

A região de Svalbard, um arquipélago antártico de domínio norueguês, é repleta de poços profundos feitos por companhias que buscavam fontes de combustíveis fósseis, porque o tipo de rocha sob o permafrost é propício para esse tipo de exploração. O que o monitoramento desses poços mostra é que, ao longo do tempo, existem variações na pressão e no influxo de gases, o que sugere que essas substâncias estão se acumulando e se deslocando sob o gelo.

Um exemplo anedótico vem de um poço que foi perfurado recentemente perto do aeroporto de Longyearbyen. Os perfuradores ouviram um som borbulhante vindo do poço, então decidimos dar uma olhada, portando alarmes rudimentares projetados para detectar níveis explosivos de metano – que foram imediatamente acionados quando os seguramos sobre o poço.

Thomas Birchall, pesquisador do Centro Universitário de Svalbard e autor principal do artigo

Por enquanto, explicam os pesquisadores, o gelo está retendo esses gases, sem que eles possam afetar a composição atmosférica. No entanto, à medida que o permafrost derreter ou se tornar mais permeável, o metano será liberado em grandes quantidades. Esse processo irá aumentar a temperatura do planeta, promovendo mais derretimento e mais liberação de gases. 

De acordo com os autores, a formação geológica e o processo de glaciação nesse local é muito semelhante ao observado no resto do Ártico. Por isso, é seguro dizer que esses acumulados de metano estão presentes em toda a região, representando uma grande ameaça futura ao planeta.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.