Vulcão submarino pode estar causando terremotos no Japão

Pesquisadores acreditam que um vulcão submerso numa região de encontro de placas tectônicas causou uma série de terremotos nos últimos anos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 14/12/2023 11h52, atualizada em 02/01/2024 15h29
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Imagem: NOAA Vents Program
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Um vulcão submerso pode ser o responsável por uma série de terremotos registrados nos últimos 40 anos nas proximidades da costa do Japão. É isso o que revela um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Memphis e que pode ajudar a ciência a entender melhor a atividade vulcânica presente no fundo dos mares.

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Vulcão está localizado em uma região de encontro de placas tectônicas

  • O monte submerso Daiichi-Kashima está localizado a cerca de 40 quilômetros da costa do país, na placa tectônica do Pacífico.
  • Nessa região, de grande atividade sísmica, também se encontram as placas das Filipinas, ao sul, e a de Okhotsk, ao norte.
  • Novos estudos indicam que a movimentação delas, juntamente com a localização do vulcão, causam grandes terremotos.
  • Isso acontece porque a seção da placa do Pacífico em que está o monte começou a afundar em direção ao centro da Terra, entre 150 e 200 mil anos atrás.
  • No entanto, a existência dos montes submarinos dificulta esse processo subducção (nome dado ao afundamento da placa), gerando os tremores.
  • As informações são da Space.com.

“Raspagem” causa tremores de grande intensidade

Em 2008, um estudo apontou que a existência dos montes não gerava grandes impactos na subducção de placas tectônicas. Mas agora, um novo trabalho de pesquisadores da Universidade de Memphis indica que a fricção causada pela raspagem dos montes nas placas pode ser muito intensa.

Assim, ainda que submerso, o monte Daiichi-Kashima, pode causar estragos enquanto afunda. E por ficar muito próximo à costa, pode ter sido responsável por grandes terremotos, como os de 1982, 2008 e 2011, todos acima de 7 na escala Richter.

Conforme um monte submarino penetra na placa superior, a tensão aumenta em sua borda principal. Chega um momento, chamado de “desligamento”, em que a área em torno do monte para de se mexer, mas o resto da placa continua afundando.

Ao chegar à pressão limite, o monte se liberta da placa superior e se move para frente, gerando o que foi chamado de “terremoto suspenso”. Esse novo tipo de formação dos terremotos teria sido responsável por eventos de grande magnitude, inclusive com a formação de tsunamis, em 1677.

A compreensão da subducção do monte Daiichi-Kashima é fundamental porque é a única acontecendo neste momento no planeta. Serão necessários pelo menos mais um milhão de anos para que outros montes submarinos da costa do Japão entrem em regiões de afundamento tectônico, com outros 2 milhões de anos para causarem terremotos.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.