Chamar alguma pessoa ou uma inteira população de “animal” (ou “animais”) não é algo exatamente raro na história da humanidade. A palavra foi usada por diversos líderes de países para menosprezar e até justificar atos de agressão, como guerras. Agora, pesquisadores sugerem que o uso dela tem mais poder do que poderíamos imaginar, alterando a régua moral e dando espaço para a violência.

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Como explicar o apoio à violência contra determinados grupos?

  • Após experimento, cientistas descobriram que o uso de adjetivos animais, por exemplo, demonstrou aumentar a disposição das pessoas em apoiar a violência, alterando as percepções sobre a aceitação social.
  • Eles criaram grupos políticos fictícios e os descreveram de diferentes maneiras aos participantes do estudo.
  • Algumas dessas descrições incluíam palavras como “serpentes” ou “baratas”, enquanto outras incluíam descrições negativas de seres humanos.
  • O resultado foi que os partidos classificados em termos animais foram mais indesejáveis, com os participantes relatando que estavam mais dispostos a prejudicar esses grupos.
  • As informações são da BBC.

Uso das palavras tem força sobre a percepção moral

As pesquisas sobre desumanização começaram após a Segunda Guerra Mundial, quando os psicólogos tentaram examinar como algumas populações apoiaram genocídios e outros crimes contra a humanidade.

Uma análise recente realizada pela Universidade de Estudos Humanísticos de Utrecht, na Holanda, descobriu que a desumanização nos campos de concentração nazistas, por exemplo, funcionou para remover qualquer ideal moral contra o tratamento cruel. Os psicólogos usam termos como “outroização” e “efeito do grupo externo/interno” para descrever o fenômeno do uso de linguagem desumanizante.

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Um outro estudo, realizado em 2013 por psicólogos da Universidade de Kent, no Reino Unido, descobriu que quanto mais os participantes cristãos associavam palavras desumanizantes aos muçulmanos, mais dispostos eram a apoiar a tortura de prisioneiros de guerra apoiadores do Islã.

No entanto, quando os pesquisadores descreviam a cultura muçulmana com palavras como “paixão” e “ambição”, os cristãos se mostraram menos propensos a usar expressões desumanizantes e até para apoiar a tortura. A conclusão dos pesquisadores é que quanto mais uma pessoa ouve um grupo ser descrito de forma desumanizante, maior a probabilidade de aceitar atos violentos contra ele.

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Por outro lado, quem frequentemente se sente desumanizado tendem a fazer o mesmo. É o que revela uma pesquisa que pediu aos participantes que avaliassem alguém em uma escala de 0 a 100, em termos de quão evoluída acreditavam que essa pessoa fosse, no contexto de uma famosa imagem que representa “a evolução do homem”.