Um cervo caminha cambaleante pelo Parque Nacional de Yellowstone, um dos mais famosos dos Estados Unidos, localizado no estado de Wyoming. Ele está claramente debilitado, magro, com o olhar vago e quase se arrastando – um comportamento completamente atípico.

Pelo menos 800 animais desse grupo, que compreende também renas e alces, foram encontrados desta maneira na região. O diagnóstico? Chronic wasting disease (CWD), ou doença debilitante crônica, traduzindo para o Português. Os sintomas levaram ao apelido de doença do cervo zumbi.

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Ela atua diretamente no sistema neurológico, é fatal e não tem cura – nem vacinas nem tratamentos. Mais preocupante ainda é que a CWD é uma doença de prion, uma proteína infecciosa capaz de provocar degeneração no cérebro de diferentes espécies, inclusive nos seres humanos.

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As centenas de casos nos Estados Unidos ligaram um sinal de alerta nos cientistas e autoridades. Jornais importantes do mundo, como o The Guardian e o The Independent, fizeram reportagens recentes sobre o assunto.

Qual o risco para humanos?

Em primeiro lugar, é importante destacar que não existe até o momento nenhum caso de doença crônica debilitante diagnosticada em humanos.

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Os especialistas, porém, afirmam que o risco é real, uma vez que o contágio de doenças de prion ocorre pelo consumo da carne infectada.

Autoridades locais já pediram aos caçadores que não abatam cervos com sintomas. Recomendaram ainda que todas as pessoas testem as carcaças antes de comê-las.

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Só que existem dois problemas relacionados a isso: a dificuldade de controle e o fato de a doença demorar a se manifestar nos animais. Ou seja, por vezes você caça um cervo aparentemente saudável, mas que está, na verdade, contaminado.

O epidemiologista Michael Osterholm, que estudou o surto de vaca louca, descreveu a CWD como um “desastre lento” para o The Guardian.

Um colega dele, o Dr. Cory Anderson, mostrou pessimismo: “Estamos lidando com uma doença que é invariavelmente fatal, incurável e altamente contagiosa. A preocupação é que não temos uma maneira fácil e eficaz de erradicá-lo, nem dos animais que infecta, nem do ambiente que contamina.”

“O surto de doença da vaca louca na Grã-Bretanha forneceu um exemplo de como, da noite para o dia, as coisas podem piorar. Estamos falando sobre a possibilidade de algo semelhante acontecer. Ninguém está dizendo que definitivamente vai acontecer, mas é importante que as pessoas estejam preparadas.”, concluiu.

A doença da vaca louca

  • Segundo informa a Defesa Agropecuária do estado de São Paulo, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, é uma enfermidade degenerativa crônica que afeta o sistema nervoso central dos bovinos.
  • Trata-se de uma doença fatal que não possui tratamento nem diagnóstico no animal vivo, podendo ser confirmada somente após a morte por meio da análise do material encefálico.
  • A infecção para humanos ocorre por meio da ingestão da carne do animal acometido – essa é a forma clássica de transmissão.
  • Além da forma clássica da EEB, existe a forma atípica que acontece devido à ocorrência de uma mutação espontânea da proteína normal, sem estar relacionada à ingestão de alimento contaminado.
  • No Brasil, até hoje, foram confirmados seis casos de EEB atípica e nenhum caso de EEB clássica.
  • O mais recente é de março de 2023, que levou à suspensão temporária das exportações de carne bovina a alguns países, entre eles a China.

As informações sobre a CWD são do site IFL Science.