Se você já teve a oportunidade de estudar Geografia ou dar uma olhada rápida em um globo, provavelmente aprendeu que a Terra é uma esfera perfeita. Mas a realidade é um pouco mais complexa do que essa explicação simplista. Na verdade, o planeta Terra não é uma esfera perfeita, e há várias razões científicas para isso.

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A formação planetária e a influência da gravidade

Vamos começar pelo básico. Por que os planetas são (mais ou menos) redondos? A resposta é simples: a gravidade. Os planetas se formam a partir da colisão de partículas de matéria ao longo do tempo, agrupando-se em corpos celestes cada vez maiores. Conforme a massa do planeta aumenta, sua atração gravitacional também se intensifica, atraindo mais matéria para si. Isso ocorreu com o nosso planeta Terra.

O campo gravitacional de um objeto sempre apontará para o centro de sua massa. Quanto maior algo é, mais massivo é, e consequentemente maior é sua atração gravitacional. Mas a questão é que a gravidade é surpreendentemente fraca. Um objeto deve ser realmente grande antes de poder exercer uma atração gravitacional forte o suficiente para superar a resistência do material do qual é feito.

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planeta terra
Imagem: JRP Studio – Shutterstock

Objetos sólidos menores (com metros ou poucos quilômetros de diâmetro) têm atrações gravitacionais tão fracas que não conseguem se moldar em uma forma esférica. Isso explica por que objetos menores, como cometas, asteroides e etc. não possuem uma forma esférica e sim um formato mais abstrato.

Por que o planeta Terra não é uma esfera perfeita?

A gravidade, embora seja responsável por moldar planetas, é, na verdade, fraca demais para transformar o planeta Terra em uma esfera perfeita. Além disso, outras forças também desempenham um papel importante na determinação da forma de um planeta.

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Em 1671, o astrônomo Jean Richter viajou de Paris, França, para Cayenne, na Guiana Francesa, na América do Sul. Ele levou consigo um pêndulo. Embora o pêndulo fosse preciso em Paris, Richter percebeu que, em Cayenne, ele funcionava mais lentamente, perdendo dois minutos e meio a cada dia. Ele ajustou o pêndulo para manter a precisão.

Entretanto, ao retornar a Paris, Richter descobriu que o pêndulo estava adiantado, ganhando dois minutos e meio diariamente. O que parecia um erro estranho na hora do pêndulo revelou ser evidência experimental de que a Terra estava girando. A mudança de ritmo do relógio não era devido a algum erro, mas sim por causa da forma do próprio planeta Terra.

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 Imagem do que seria o formato real do Planeta Terra
Imagem do que seria o formato real do Planeta Terra – Fonte: International Centre for Global Earth Models (ICGEM)

Mais tarde, Newton utilizou dados de um pêndulo semelhante e do abaulamento equatorial de Júpiter para mostrar que a Terra apresenta um abaulamento no equador devido à força centrífuga de sua rotação. Pense em como você é empurrado para a borda externa de um carrossel enquanto ele gira. Próximo ao equador, a gravidade atua menos sobre você do que nos polos, pois você está mais distante da maior parte da massa da Terra, explicando por que o pêndulo se comportava de maneira diferente.

Quanto mais rápida é a força centrífuga, mais provável é que você veja esses abaulamentos. O planeta anão Haumea, aproximadamente do tamanho de Plutão, tem uma forma semelhante a um ovo devido à rapidez de sua rotação. A Terra, embora não seja completamente em forma de ovo, apresenta um abaulamento no equador de cerca de 43 quilômetros (27 milhas).

As consequências da forma do planeta Terra na vida cotidiana

A compreensão de que a Terra não é uma esfera perfeita tem implicações interessantes para a vida cotidiana. Por exemplo, a diferença na gravidade entre o equador e os polos afeta o peso dos objetos. Se você estiver próximo ao equador, você pesará um pouco menos do que pesaria nos polos devido ao abaulamento equatorial.

Além disso, o formato irregular da Terra tem implicações na distribuição da água nos oceanos. Os oceanos são mais profundos próximo ao equador do que nos polos, devido à força centrífuga que empurra a água para longe do eixo de rotação da Terra.

Em termos práticos, essa compreensão mais profunda da forma da Terra tem aplicações em campos como a aviação e a geodésia, que é a ciência que estuda a forma e o tamanho da Terra. Os engenheiros e cientistas precisam levar em consideração a forma real da Terra ao projetar sistemas de navegação e mapeamento precisos.

Em resumo, a Terra não é uma esfera perfeita devido à combinação de forças como a gravidade e a força centrífuga resultante de sua rotação. O abaulamento equatorial é uma característica interessante que adiciona complexidade à forma do nosso planeta.

Essa compreensão aprofundada não apenas expande nosso conhecimento sobre a Terra, mas também tem implicações práticas em várias disciplinas científicas e tecnológicas. A próxima vez que você olhar para um globo ou estudar Geografia, lembre-se de que a Terra não é apenas um mundo vasto e diversificado, mas também um corpo celeste com uma forma única e fascinante.