Enorme tsunami pode ter dizimado população da Grã-Bretanha há 8 mil anos

Essa é a primeira vez que pesquisadores correlacionam o declínio populacional misterioso ocorrido na região na Idade da Pedra com um tsunami
Alessandro Di Lorenzo10/01/2024 08h51, atualizada em 10/01/2024 14h17
Onda grande reproduzida em ilustração com o sol da tarde ao fundo
Imagem: Willyam Bradberry/Shutterstock
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Um grande tsunami pode explicar a diminuição repentina da população local que habitava a região norte do que hoje é a Grã-Bretanha na Idade da Pedra. É isso o que sugere um novo estudo, o primeiro a correlacionar a catástrofe natural com o declínio populacional misterioso na região.

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Declínio populacional na região é um mistério

  • Durante a Idade da Pedra Média, a população do norte da Grã-Bretanha era muito pequena, com apenas cerca de mil pessoas estimadas.
  • A grande maioria delas teria vivido em pequenos assentamentos costeiros.
  • O registro arqueológico mostra que, há cerca de 8.200 anos, o número de sítios habitados em todo o noroeste da Europa despencou repentinamente.
  • A explicação mais aceita até agora é que o fenômeno foi resultado da queda nas temperaturas em todo o continente.
  • Mas um estudo publicado no Journal of Quaternary Science apresenta uma nova possibilidade.
  • As informações são da IFLScience.

Tsunami poderia ter dizimado a população local?

De acordo com os pesquisadores, o tsunami de Storegga pode ter sido o responsável por dizimar as populações da região. Cientistas concordam que o evento natural teria ocorrido em algum momento entre 8.120 e 8.175 anos atrás.

Provocado por um enorme deslizamento de terra subaquático na costa da Noruega, o tsunami atingiu as Ilhas Shetland, que ficam ao norte do que hoje é a Escócia, com ondas de mais de 20 metros de altura. Mais ao sul, no norte da Inglaterra, elas teriam atingido alturas entre 3 e 6 metros.

Os autores do estudo geraram simulações computacionais dos impactos do tsunami em um importante local mesolítico chamado Howick, no nordeste da Inglaterra. No local foram encontrados sedimentos datados da época em questão, o que sugere que toda a região pode ter ficado inundada durante o desastre.

No entanto, os núcleos são em grande parte preenchidos com materiais que diferem dos sedimentos arenosos tipicamente depositados por tsunamis.

Para acabar com qualquer dúvida, os pesquisadores simularam a onda sob dois cenários diferentes de mudança do nível do mar e descobriram que o tsunami poderia ter chegado até Howick se ocorresse durante a maré alta.

Se fosse esse o caso, as consequências teriam sido catastróficas, com os pesquisadores explicando que “em Howick, as estimativas de mortalidade variavam, mas estavam até 100% dentro da zona entremarés rica em recursos”. Além de matar qualquer um em seu caminho, a onda também teria dizimado os recursos alimentares, contribuindo assim para uma enorme diminuição populacional em todo o noroeste da Europa.

“Isso fornece evidências que sugerem que o tsunami provavelmente foi o responsável pelo declínio populacional no norte da Grã-Bretanha no período após 8.200 [anos atrás] quando o tsunami ocorreu”, concluíram os autores.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.