A direção autônoma surgiu como um avanço animador na indústria automobilística, mas alguns reveses dividiram o setor e levantaram a questão se a tecnologia está pronta ou não para ser implementada. A CES 2024, primeiro grande evento de tecnologia do ano, mostrou que inovações como robotáxis e IA em automóveis não pararam, mas é provável que um veículo dirige sozinho não chegue tão cedo.

Ainda assim, especialistas divergem, com alguns defendendo que a tecnologia deve crescer já nos próximos anos.

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Direção autônoma na CES 2024

A CES 2024 acontece de 9 a 12 de janeiro no Centro de Convenções em Las Vegas e o Olhar Digital está por lá para conferir as novidades do setor de tecnologia em primeira mão.

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Um carro que se dirige sozinho ainda não foi apresentado. As inovações envolvem principalmente recursos de segurança. Grandes empresas e startups já apresentaram recursos de visão 3D, visão noturna e detecção de fadiga do condutor, por exemplo.

Para Kersten Heineke, sócio e codiretor do McKinsey Center for Future Mobility, ao TechXplore, isso é claramente um progresso em “tecnologias cruciais” para esses modelos.

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Além disso, embora o progresso seja lento, não parou. Christophe Perillat, chefe do grupo francês Valeo, defende que 90% dos veículos terão algum tipo de assistência ao condutor até 2030. Vale lembrar que isso não significa a ausência de um motorista — os níveis de independência dos sistemas variam de acordo com um padrão industrial de 0 a 5 (de menos para mais independente).

Mercedes-Benz com direção automática
Modelos de “direção autônoma” atuais são assistências de direção e não dispensa motorista (Imagem: Mercedes-Benz / Divulgação)

Ausência de motorista no volante é possível?

O nível 5 é o único que não exigiria um condutor humano, mas, para Perillat, isso ainda parece fora de cogitação. Já um estudo da S&P Global Mobility diz que um carro que dirige completamente sozinho é possível, mas não antes de 2035.

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Isso tem algumas razões:

  • A primeira é o número de acidentes envolvendo modelos com algum tipo de assistência ao condutor. A direção assistida da Tesla (de nível 2) é um exemplo, ao dar a falsa impressão de que não necessita um condutor e provocar acidentes.
  • A Cruise, subsidiária da GM, é outro. Depois de diversos acidentes com robotáxis, a empresa teve licenças suspensas na Califórnia e pausou as atividades por tempo indeterminado.
  • Uma reportagem do Washington Post de junho do ano passado examinou dados da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário dos EUA (NHTSA) e afirmou que o “piloto automático” esteve envolvido em 736 acidentes rodoviários e 17 mortes nos Estados Unidos desde 2019.
  • A segurança do sistema é o ponto principal de preocupação.
  • Outra questão é o preço: os sistemas são caros, sem contar as taxas regulatórias. A estimativa do TechXplore é que modelos de nível 4 custarão no mínimo US$ 10 mil (sem contar o valor dos carros).
interior de um veículo da Tesla com FSD
“Direção autônoma” da Tesla, o FSD, também não passa de uma assistência ao motorista (Foto: Tesla/Divulgação)

Especialistas divergem sobre direção autônoma

Apesar da maioria concordar que a direção autônoma deve demorar a avançar, há controvérsias, inclusive sobre a segurança.

A seguradora Swiss Re fez um estudo baseado nos robotáxis sem motorista da Waymo One do Google e afirmou que a direção autônoma é “significativamente mais segura para outros usuários da estrada do que motoristas humanos”.

Quanto aos preços, operadores de frotas autônomas defendem que o valor gasto nos sistemas “se paga”, já que os modelos podem rodar quase ininterruptamente.

Ainda, o McKinsey Center for Future Mobility diz que o setor pode gerar entre US$ 300 e 400 milhões globalmente até 2035, e que espera “centenas de milhares de robotáxis” nas estradas nos próximos cinco anos.