Como era a Terra em 1024? Use a sua imaginação, mas não há registros visuais que mostrem o local onde estamos hoje há mil anos. Pessoas de 3024 não poderão dizer o mesmo: para além das fotografias digitais, que vão preservar na memória as paisagens atuais, um projeto de arte chamado Millennium Camera vai tirar uma foto de longa exposição do deserto do Arizona durante mil anos.

Ao final, os habitantes do próximo milênio poderão ver como o local mudou ao longo do tempo.

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Como será a foto de mil anos

O projeto foi idealizado por Jonathon Keats, um filósofo experimental da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Arizona. Ele idealizou uma câmera para tirar a foto mais lenta do mundo durante mil anos.

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A paisagem será parte do deserto do Arizona, na cidade de Tucson.

O site da Universidade do Arizona explicou como a foto será tirada:

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  • A Millennium Camera é uma câmera pinhole, o primeiro tipo inventado. Ele é formado por um cilindro de cobre com uma fina folha de ouro de 24 quilates em uma extremidade, na qual há um pequeno furo.
  • A luz penetra por esse furo e brilha em uma superfície revestida por camadas finas de tinta a óleo, chamado de rose madder.
  • Conforme é exposto à luz, o pigmento desbota lentamente em diferentes graus. Áreas mais escuras, como as montanhas, desbotam mais lentamente do que áreas brilhantes, como o céu, pintando a paisagem do deserto.
  • A câmera foi montada em um poste de aço.
Local onde a câmera foi instalada, em Tucson, no Arizona (Foto: Chris Richards, University Communications/Reprodução)

Resultado final da foto

O resultado final não será uma fotografia tradicional. Afinal, depois de mil anos haverá muito movimento à frente da câmera.

Keats explicou que isso é parte da intenção do projeto. Elementos mais estáveis, como o próprio cenário, devem aparecer mais forte, enquanto elementos mutáveis, como prédios, serão mais claros, a depender do tempo que ficarem sob a lente da câmera. Pessoas sequer aparecerão.

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Ele dá um exemplo: se todas as habitações da paisagem forem removidas em 500 anos, as montanhas ficarão mais nítidas na foto, enquanto os prédios ficarão com um aspecto fantasmagórico. Para o idealizador, será como uma obra de arte sobre a impermanência da humanidade.

Isso também depende da própria câmera continuar onde está – sem interferências humanas ou da natureza. O poste de aço onde ela está localizada conta com uma placa explicando o projeto.

Jonathon Keats, idealizador da Millennium Camera (Foto: Universidade do Arizona/Reprodução)

E depois?

Keats já não tem mais o que se preocupar: daqui mil anos, nem ele e nem nós estaremos vivos para presenciar o resultado da fotografia.

No entanto, ele não pretende esperar e quer instalar outras câmeras Millennium voltadas para outras direções, como no Griffith Park em Los Angeles, nos Alpes austríacos e na China.