A gigante do comércio online eBay concordou em pagar uma multa de US$ 3 milhões (cerca de R$ 14,5 milhões) para resolver acusações criminais relacionadas a uma campanha de assédio conduzida por seus funcionários. Os empregados enviaram aranhas vivas, baratas e outros itens perturbadores à residência de um casal no estado americano de Massachusetts, de acordo com documentos judiciais protocolados na quinta-feira.
O Departamento de Justiça dos EUA acusou o eBay de perseguição, obstrução à justiça e intimidação de testemunhas, mais de três anos após os funcionários serem processados no esquema extenso para intimidar David e Ina Steiner.
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A multa de R$ 3 milhões foi o máximo possível sob as acusações. O eBay, sediado na Califórnia, aceitou a responsabilidade pelas ações de seus funcionários e firmou um acordo de suspensão condicional de processo que pode resultar no arquivamento das acusações se a empresa cumprir certas condições, segundo o escritório do procurador dos EUA em Massachusetts.
O eBay se envolveu em conduta absolutamente horrível e criminosa. Os funcionários e contratados da empresa envolvidos nessa campanha fizeram as vítimas passarem por um verdadeiro inferno, em uma campanha aterrorizante destinada a silenciar suas reportagens e proteger a marca eBay.
Josh Levy, procurador dos EUA em exercício em Massachusetts, em comunicado por e-mail
O acordo de suspensão condicional de processo prevê a nomeação de um monitor independente para supervisionar a empresa por três anos, garantindo sua conformidade com os termos e a legislação federal.
O CEO do eBay, Jamie Iannone, classificou a conduta da empresa em 2019 como “errada e condenável”. Ele afirmou que a empresa fortaleceu suas políticas, procedimentos, controles e treinamentos desde então, reforçando o compromisso do eBay em manter elevados padrões de conduta e ética.
A campanha de ciberassédio do eBay
- A campanha de ciberassédio teve início em 2019 após uma reportagem de Ina Steiner no boletim online EcommerceBytes sobre um processo do eBay contra a Amazon.
- O então CEO do eBay, Devin Wenig, é acusado de enviar uma mensagem desencadeadora após a publicação da matéria, indicando que era o momento de “derrubá-la”.
- James Baugh, descrito como o mentor do esquema, recrutou outros funcionários para participar da campanha de assédio.
- O casal Steiner foi alvo de dezenas de emails estranhos de grupos como um de apoio a pacientes com síndrome do intestino irritável e o Partido Comunista dos Estados Unidos. Ina Steiner recebeu mensagens ameaçadoras no Twitter (atual X).
- Além das mensagens, o casal recebeu entregas físicas perturbadoras, incluindo uma caixa de aranhas e baratas vivas, uma coroa de flores fúnebres, uma máscara de porco ensanguentada e um livro sobre a perda do cônjuge.
- O endereço da residência do casal foi divulgado online, resultando em convites fictícios para vendas de garagem e festas.
- James Baugh, ex-diretor sênior de segurança e proteção do eBay, teria recrutado um funcionário para espionar os Steiner, inclusive tentando instalar um rastreador GPS em seu carro.
- Baugh alegou ter enfrentado pressões implacáveis de Wenig e outros executivos para tomar ações contra os Steiner.
- Sete ex-funcionários, incluindo Baugh, foram condenados por participação na campanha. Baugh recebeu uma sentença de quase cinco anos de prisão.
- Wenig, que não enfrentou acusações criminais, negou qualquer conhecimento da campanha de assédio, alegando que suas palavras foram retiradas de contexto.
- O casal processou o eBay, relatando danos emocionais, psicológicos, físicos, de reputação e financeiros permanentes causados pela campanha de ciberassédio.