Após seca, artefatos de cerâmica indígena são encontrados no Pará

A descoberta é importante para entender como se deu a ocupação do território amazônico pelos povos indígenas
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/01/2024 15h06
ceramica-2.png
Imagem: Rossimar Soares/Museu Emílio Goeldi
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Pesquisadores e técnicos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) informaram que descobriram quatro novos sítios arqueológicos. Eles foram encontrados após seca no município de Anajás, no arquipélago do Marajó, no Pará, onde também estavam artefatos de cerâmica indígena.

Leia mais

As descobertas

  • Dois dos achados aconteceram na comunidade da Pedra e outros dois na comunidade Laranjal.
  • A ação conjunta foi organizada após as comunidades responsáveis pela região acionarem o Ministério Público do Estado do Pará e demais órgãos para que o estado de conservação dos artefatos de cerâmica indígena fosse analisado.
  • A equipe ainda precisou registrar o espaço no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), como procedimento da legislação federal.
  • As informações são da CNN.
Artefatos de cerâmica indígena (Imagem: Helena Lima/Museu Emílio Goeldi)

Ocupação indígena da Amazônia

De acordo com os pesquisadores, a descoberta é importante para entender melhor como se deu a ocupação do território amazônico pelos povos indígenas.

Encontramos nesta breve visita um padrão de ocorrência de tesos (aterros construídos pelos povos do Marajó) que aparentemente se replica ao longo do Anajás e outras regiões a leste do Marajó. Talvez aqui estejamos no que foi o início de organização regional de uma sociedade com altíssimo conhecimento do ambiente, que criou e replicou sistemas de assentamentos altamente interconectados. Trata-se de um verdadeiro urbanismo amazônico muito antigo.

Helena Lima, pesquisadora líder do estudo

De acordo com estudos científicos sobre a região, a área já era habitada a cerca de 3.500 anos por grupos que tinham como principais atividades a caça, a pesca, a coleta e o cultivo da mandioca. Já pesquisas arqueológicas mostram que essas sociedades foram responsáveis pela produção em cerâmica de uso principalmente doméstico, além do manejo ecológico dos recursos naturais expresso nos tesos.

Durante a vistoria na comunidade, que fica em área acessada somente por barco, foi mapeada com uso de um drone com sensor LiDAR (sigla em inglês para Light Detection And Ranging), que permite o sensoriamento remoto e a geração de imagens tridimensionais a partir de pulsos de luz no espectro infravermelho, podendo ser usada no campo da Arqueologia.

As informações coletadas permitiram também identificar riscos relacionados a fenômenos naturais, como a dinâmica de secas e cheias que tem se tornado mais intensas, assim como o impacto do tráfego intenso de embarcações na área, que acaba contribuindo para processos erosivos.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.