Pesquisadores e técnicos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) informaram que descobriram quatro novos sítios arqueológicos. Eles foram encontrados após seca no município de Anajás, no arquipélago do Marajó, no Pará, onde também estavam artefatos de cerâmica indígena.

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As descobertas

  • Dois dos achados aconteceram na comunidade da Pedra e outros dois na comunidade Laranjal.
  • A ação conjunta foi organizada após as comunidades responsáveis pela região acionarem o Ministério Público do Estado do Pará e demais órgãos para que o estado de conservação dos artefatos de cerâmica indígena fosse analisado.
  • A equipe ainda precisou registrar o espaço no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), como procedimento da legislação federal.
  • As informações são da CNN.
Artefatos de cerâmica indígena (Imagem: Helena Lima/Museu Emílio Goeldi)

Ocupação indígena da Amazônia

De acordo com os pesquisadores, a descoberta é importante para entender melhor como se deu a ocupação do território amazônico pelos povos indígenas.

Encontramos nesta breve visita um padrão de ocorrência de tesos (aterros construídos pelos povos do Marajó) que aparentemente se replica ao longo do Anajás e outras regiões a leste do Marajó. Talvez aqui estejamos no que foi o início de organização regional de uma sociedade com altíssimo conhecimento do ambiente, que criou e replicou sistemas de assentamentos altamente interconectados. Trata-se de um verdadeiro urbanismo amazônico muito antigo.

Helena Lima, pesquisadora líder do estudo

De acordo com estudos científicos sobre a região, a área já era habitada a cerca de 3.500 anos por grupos que tinham como principais atividades a caça, a pesca, a coleta e o cultivo da mandioca. Já pesquisas arqueológicas mostram que essas sociedades foram responsáveis pela produção em cerâmica de uso principalmente doméstico, além do manejo ecológico dos recursos naturais expresso nos tesos.

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Durante a vistoria na comunidade, que fica em área acessada somente por barco, foi mapeada com uso de um drone com sensor LiDAR (sigla em inglês para Light Detection And Ranging), que permite o sensoriamento remoto e a geração de imagens tridimensionais a partir de pulsos de luz no espectro infravermelho, podendo ser usada no campo da Arqueologia.

As informações coletadas permitiram também identificar riscos relacionados a fenômenos naturais, como a dinâmica de secas e cheias que tem se tornado mais intensas, assim como o impacto do tráfego intenso de embarcações na área, que acaba contribuindo para processos erosivos.