Guerra dos chips: apesar da proibição dos EUA, China ainda tem acesso aos produtos da Nvidia

Segundo documento da Reuters, chips da Nvidia estão sendo utilizados para fins militares pelo governo chinês
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/01/2024 14h47
Ilustração digital de GPU da Nvidia
(Imagem: Divulgação/Nvidia)
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Organismos militares chineses, institutos estatais de investigação em inteligência artificial e universidades do país asiático conseguiram comprar chips da Nvidia no ano passado. Isso significa que a China está conseguindo driblar as proibições de venda impostas pelos Estados Unidos, uma disputa que ficou conhecida como “guerra dos chips“.

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Esse é mais um exemplo das dificuldades que a Casa Branca tem encontrado para efetivamente proibir o acesso de Pequim à tecnologia. Entre os chips que chegaram até as mãos das instituições chinesas estão o A100, A800, H800 e o H100, mais potente e que teve as exportações proibidas em setembro de 2022.

Muitas das tecnologias estão sendo utilizadas para fins militares pelo governo chinês. As informações são da Reuters.

A situação também evidencia que, apesar da proibição, ainda existe demanda por produtos da Nvidia na China. Isso significa que a Huawei não conseguiu preencher totalmente a lacuna deixada pela empresa.

Os compradores chineses incluíram universidades de elite, bem como duas entidades sujeitas a restrições de exportação dos EUA: o Instituto de Tecnologia de Harbin e a Universidade de Ciência e Tecnologia Eletrônica da China, que foram acusadas de envolvimento em questões militares ou de serem afiliadas a um órgão militar contrário ao interesse nacional dos EUA.

Nenhum dos compradores mencionados comentou o caso. Não está claro como eles conseguiram adquirir os seus. Uma das teorias é que sejam produtos contrabandeados. Outra possibilidade é que os negócios estejam sendo feitos com países terceiros, caso da Índia ou Cingapura, por exemplo.

A Nvidia disse que cumpre todas as leis de controle de exportação. Já o Departamento de Comércio dos EUA se recusou a comentar o caso. As autoridades norte-americanas prometeram acabar com todas as brechas existentes nas proibições impostas.

Estados Unidos proíbem venda de chips para a China (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Guerra dos chips

Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

Importância dos semicondutores

  • Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
  • Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
  • Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.