Uma análise divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que a inteligência artificial deverá afetar quase 40% de todos os empregos no mundo. Além disso, a tecnologia provavelmente piorará a desigualdade geral.

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Impactos da inteligência artificial no mercado de trabalho

  • Ainda segundo o FMI, a IA afetará uma proporção maior de empregos, cerca de 60%, nas economias avançadas.
  • Em metade destes casos, os trabalhadores podem esperar se beneficiar da integração da inteligência artificial, o que aumentará a sua produtividade.
  • Em outros, a tecnologia terá a capacidade de realizar tarefas importantes que são atualmente executadas por humanos.
  • Isso poderá reduzir a procura de mão-de-obra, afetando salários e até mesmo erradicando empregos, segundo a entidade.
  • Ao mesmo tempo, o Fundo Monetário Internacional prevê que a a inteligência artificial afetará apenas 26% dos empregos nos países de baixa renda.
  • As informações são da BBC.
inteligência artificial IA
Inteligência artificial poderá “roubar” empregos (Imagem: shutterstock/Andrey_Popov)

Desigualdade

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirma que os governantes precisam abordar essas “tendências preocupantes” para “evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais”.

Muitos países não têm infraestrutura ou mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da inteligência artificial, aumentando o risco de que, com o tempo, a tecnologia possa piorar a desigualdade entre as nações.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI

De um modo mais geral, os trabalhadores mais jovens e com renda mais elevada poderão ver um aumento desproporcional nos seus salários após a adoção da inteligência artificial. Já os trabalhadores com renda mais baixa e os mais velhos poderão ficar para trás.

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É crucial que os países estabeleçam redes de segurança social abrangentes e ofereçam programas de reciclagem para trabalhadores vulneráveis. Ao fazer isso, podemos tornar a transição para a IA mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI

A análise do FMI foi divulgada no mesmo momento em que líderes empresariais e políticos globais se reúnem no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça. A IA é um tópico de discussão.

A tecnologia está enfrentando crescente regulamentação em todo o mundo. No mês passado, as autoridades da União Europeia chegaram a um acordo provisório sobre as primeiras leis abrangentes do mundo para regular o uso da inteligência artificial.

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O Parlamento Europeu votará as propostas da Lei da IA no início deste ano, mas nenhuma legislação deverá entrar em vigor antes de 2025. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a China ainda não publicaram as suas próprias diretrizes. Já no Brasil, embora o debate sobre o assunto já ocorra no Congresso, ainda não há regulamentação sobre o tema.

Montagem de pessoa escrevendo sobre desenho de inteligência artificial (IA)
IA (Imagem: Shutterstock)

O cenário brasileiro

O relatório do FMI indica que no Brasil 41% dos empregos têm alta exposição à inteligência artificial. Isso quer dizer que eles podem tanto se beneficiar da tecnologia, quanto ser ameaçados por ela no futuro.

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Para avaliar se o impacto da inteligência artificial será bom ou ruim no mercado de trabalho, o relatório do FMI criou outra categoria: complementaridade.

Os empregos com alta complementaridade são aqueles que se beneficiarão com a inteligência artificial, mas não serão extintos por ela. Por exemplo, um cirurgião, um administrador, um advogado ou um juiz terão grandes ganhos de produtividade com a IA — mas suas atividades não estarão ameaçadas, pois sempre dependerão de um grande componente humano para sua execução.

Já os empregos de baixa complementaridade são os mais ameaçados pela IA. É o caso de operadores de telemarketing, que podem ser totalmente substituídos pelas novas tecnologias, com pouca necessidade de um componente humano.

E é nesse ponto que a inteligência artificial pode fazer crescer a desigualdade social nos países. Segundo o FMI, trabalhadores com mais educação e mais jovens têm melhores condições de encontrar empregos de alta complementaridade (beneficiados pela IA); os com menos escolaridade e mais velhos estarão mais sujeitos a empregos de baixa complementaridade (ameaçados pela IA).