Os elétricos foram – e continuam sendo – um sucesso nos Estados Unidos, mas conforme as vendas desaceleram, os híbridos fazem seu retorno. Algumas montadoras recuaram em suas metas de eletrificação, e preços altos, falta de infraestrutura e a familiaridade com a gasolina já mostram uma retomada dos híbridos no setor.

No ano passado, essa modalidade voltou a crescer: foi de 5,5% em participação no mercado de vendas para 8%.

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Desaceleração dos elétricos vs. volta dos híbridos

A Ford, Volkswagen e General Motors (GM) são exemplos de empresas que desaceleram suas metas em relação aos elétricos. Ao mesmo tempo, por mais que a clientela norte-americana tenha aderido à eletrificação (como reporta o New York Times), as vendas já não são as mesmas.

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Dados da Cox mostram que, em 2023, foram 1,2 milhão de elétricos vendidos, um aumento de 46% no ano anterior. Isso é 7,6% de todas as vendas de carros novos nos EUA.

Apesar do número não ser ruim, os híbridos tiveram uma participação melhor: foram 8% das vendas, correspondendo a mais de 1,2 milhão de carros. Em 2022, a participação era de 5,5%, segundo a Edmunds.

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Isso sem contar os híbridos plug-in. Com eles, um a cada 10 carros novos vendidos no país têm algum tipo de componente elétrico. Aqui, vale lembrar que os híbridos usam a bateria para melhorar o desempenho do motor a combustão e são carregados de volta por ele. Já os híbridos plug-in podem ser recarregados a partir de um fonte externa, como uma tomada.

Toyota Prius Plug-in Hybrid.
Toyota Prius híbrido é uma das opções mais em conta nos EUA (Imagem: Karolis Kavolelis/Shutterstock)

Porque isso acontece

O New York Times explica alguns dos motivos para a volta dos híbridos:

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  • Primeiro e mais óbvio: o preço. Enquanto um carro elétrico nos EUA custa em média US$ 60.500 (cerca de R$ 299 mil) e um modelo a combustão, US$ 47.500 (cerca de R$ 235 mil), os híbridos ficam em torno de US$ 42.500 (cerca de R$ 210 mil).
  • Há modelos mais baratos (e mais caros) nas três modalidades, como o Toyota Prius, de US$ 30 mil (cerca de R$ 148 mil). No entanto, no geral, as baterias menores barateiam o modelo, enquanto a união de eletricidade e gasolina proporciona economia aos proprietários.
  • Outro motivo essencial é a infraestrutura. Cidades menores não possuem a mesma oferta de carregamento que cidades grandes – e carregar um carro na tomada provavelmente não é nada econômico. Assim, os híbridos são uma alternativa sustentável para quem não pode depender exclusivamente do alcance da bateria.
  • Além disso, a modalidade tem se apresentado como um meio-termo entre os carros elétricos e a combustão, uma transição gradual para a eletrificação.
Veículo elétrico
(Imagem: JC_STOCKER/ Shutterstock)

Quem ganha com isso

Algumas montadoras já perceberam a tendência.

A Ford, por exemplo, está reduzindo a produção da picape elétrica F-150 Lightning e aumentando em 20% a da picape híbrida F-150 Hybrid. Ainda, a empresa quer quadruplicar a oferta de híbridos e vender 100 mil unidades em 2024.

Companhias como Toyota, Honda, Hyundai e Kia também se beneficiam. As quatro juntas respondem por 90% das vendas de híbridos nos Estados Unidos, seguidas pela Ford.

A Honda é uma das que se deu bem: em 2023, se superou e triplicou a venda de híbridos para 294 mil unidades. As versões híbridas do sedã Accord e do SUV CR-V corresponderam a metade dessas vendas.

Outras, como GM e Volkswagen, pretendem mudar de vez para os veículos elétricos – e só o futuro pode mostrar o resultado da empreitada.

Elétricos ou híbridos?

Para Steve Center, diretor de operações da Kia America (que faz parte do grupo da Hyundai), ao NYT, o futuro da eletrificação está nos híbridos.

Segundo ele, “todos podem dirigir um híbrido, em qualquer lugar”, o que já exclui o problema da infraestrutura. Além disso, além de ser mais viável ao bolso e às cadeias de produção, essa modalidade, se adotada amplamente, também diminui as emissões de carbono, uma das metas globais atendidas pela eletrificação.

Há um ano, estávamos sendo criticados pela mídia por não acreditarmos em veículos elétricos. Achamos que isso era injusto, que não estávamos envolvidos na eletrificação. Nós começamos. Hoje temos oito milhões de híbridos na estrada, e cada um deles reduz as emissões de gases de efeito estufa. No final das contas, o consumidor impulsiona esta indústria, não o fabricante.

Steve Center, diretor de operações da Kia America