O câncer de bexiga não está entre os mais comuns no mundo, mas, ainda assim, milhares de pessoas precisam de tratamento. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 500 mil novos casos surgem por ano no planeta. Até por isso, a descoberta feita por cientistas em um estudo publicado na Nature Nanotechnology pode ser muito benéfica.

A pesquisa é liderada pelo Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC) e pelo CIC biomaGUNE em colaboração com o Instituto de Investigação em Biomedicina (IRB Barcelona) e a Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).

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Usando nanorobôs movidos a urina, os pesquisadores conseguiram notar a diminuição de 90% dos tumores de câncer de bexiga nos ratos que foram usados como cobaias no estudo. Os nanorobôs são alimentados pela uréia, uma substância residual encontrada na urina. Então, se impulsionam e penetram no tumor para administrar o tratamento.

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Movimento de nanorrobôs em uréia. Crédito: Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC)

Eficácia se mostra maior do que a dos tratamentos já conhecidos

A descoberta abre portas para o tratamento desse tipo de câncer, já que as metodologias usadas na medicina até o momento se provaram menos eficazes do que os nanorobôs:

  • Os tratamentos atuais para 75% dos casos de câncer de bexiga incluem o uso de medicamentos imunoterapêuticos e/ou quimioterápicos na bexiga após a retirada do tumor.
  • A taxa de sobrevivência nesses casos é boa, mas a eficácia se apresenta como algo limitado.
  • 30% a 70% dos casos apresentam a volta do tumor, o que faz o paciente geralmente se submeter a procedimentos regulares de vigilância da bexiga, como a cistoscopia.

“Com uma dose única dos nanorobôs, pudemos observar uma diminuição de 90% no volume do tumor”, disse Samuel Sánchez, um dos autores do estudo.

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“Essa opção se apresenta como algo mais eficiente que os tratamentos atuais, já que pacientes com esse tipo de tumor costumam ter entre seis e 14 consultas hospitalares. A nova abordagem aumentaria a eficiência, reduziria a duração das hospitalizações e o custo do tratamento”, completou Samuel Sánchez.

Imagem de microscopia eletrônica de transmissão dos nanorrobôs. Crédito: Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC)

O próximo passo dos pesquisadores que desenvolveram o tratamento do nanorobô será verificar se os tumores que encolhem após o procedimento tem probabilidade de voltarem a aparecer. Algo que os cientistas responsáveis pelo estudo garantem já estar trabalhando.