O paleontólogo amador Peter Harmatuk encontrou um dente estranho na Carolina do Norte, nos EUA, em 1973. Cinco décadas depois, o paleontologista Mark Uhen, da Universidade George Mason, e seu colega Mauricio Peredo apontaram que o dente era de uma baleia do grupo Remingtonocetidae, com animais semelhantes a grandes lontras com focinhos longos que nadavam e andavam em praias.

Para quem tem pressa:

  • Um dente estranho, encontrado por um paleontólogo amador na Carolina do Norte em 1973, foi identificado cinco décadas depois como pertencente a uma baleia do grupo Remingtonocetidae. Elas pareciam lontras com focinhos longos, andavam em praias e nadavam nos mares;
  • Descobertas de fósseis na América do Norte contribuíram para o entendimento da diversidade e distribuição das baleias anfíbias primitivas. Elas representam um importante capítulo na transição de baleias da terra para o mar;
  • Essa transição é um tema de interesse paleontológico desde o século 19. Descobertas de espécies ancestrais, como o Pakicetus e o Basilosaurus, indicam que as primitivas nadavam por oceanos inteiros antes de se adaptarem à vida marinha;
  • A convivência de diversas espécies de baleias antigas sugere que a diversidade delas nas costas pré-históricas era maior do que se imaginava.

As baleias desse grupo, acredita-se, viajaram da Ásia para a América do Norte por uma rota costeira, expandindo seu alcance de maneira gradual. O percurso exato é difícil de rastrear devido à falta de rochas da época apropriada ao norte de Nova Jersey.

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As descobertas de fósseis na América do Norte, incluindo o dente encontrado, ajudaram os paleontólogos a entender melhor a diversidade e a distribuição das baleias anfíbias primitivas. Seus apontamentos constam num artigo divulgado pela Smithsonian Magazine.

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Baleias: da terra para o mar

Crânio de baleia primitiva com lápis do lado
(Imagem: Waughd/Wikimedia Commons)

A transição das baleias da terra para o mar tem intrigado paleontólogos desde meados do século 19. A descoberta do Pakicetus, que viveu há cerca de 55 milhões de anos no Paquistão, Índia e Egito, catalisou novas descobertas de espécies ancestrais de baleias.

Na América do Norte, ossos grandes encontrados por escravos negros no século 19 foram mais tarde identificados como de baleias primitivas. Entre eles, estavam ossos do Basilosaurus, o maior mamífero conhecido até o surgimento das baleias modernas. Na Geórgia antiga, o Georgiacetus, um Protocetidae anfíbio, indica que as baleias eram capazes de nadar por oceanos inteiros antes de se adaptarem completamente à vida marinha.

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Diversas espécies de baleias antigas conviveram, como Phiomicetus anubis e Rayanistes, e não representavam uma linha evolutiva direta. No entanto, a diversidade de baleias nas costas pré-históricas era maior do que se pensava anteriormente.

As descobertas contínuas de baleias primitivas em lugares inesperados mostram que elas eram mais adaptadas à água do que se reconhecia anteriormente. E o estudo de sua evolução continua a revelar aspectos surpreendentes da ecologia terrestre antiga.