Charlie Chaplin é uma lenda do cinema, mas, por muito tempo, não foi querido por todos, incluindo os Estados Unidos. O país dono da calçada da fama de Hollywood e do tradicional Oscar provocou o exílio de ator e diretor por seus posicionamentos políticos e o impediu de pisar em seu território.

Anos depois, Chaplin não era mais considerado inimigo dos estadunidenses e retornou ao palco do Oscar para receber algo melhor do que o troféu: 12 minutos de ovação por parte do público.

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Trajetória da Charlie Chaplin

Charlie Chaplin já era grande nome do cinema na década de 1940, tendo filmes, como “Em Busca do Ouro” (1925), “Luzes da Cidade” (1931) e “Tempos Modernos” (1936) no currículo.

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Foi naquela década que o cineasta começou a expressar suas opiniões políticas consideradas de esquerda em época em que os Estados Unidos eram avessos ao comunismo. O FBI do então diretor J. Edgar Hoover estava de olho na “ameaça” que era Chaplin.

A situação não melhorou com o lançamento de “O Grande Ditador” (1940), no qual Charlie Chaplin criticava Adolf Hitler e um nacionalismo militar ao personificar o ditador. Segundo o Collider, ficou impossível separar o cineasta de suas opiniões políticas (os quais os EUA discordava).

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(Imagem: Wikimedia Commons)

Declínio

  • Já criticado nos EUA, Charlie Chaplin se envolveu em escândalo com a atriz Joan Barry, com quem contracenava e teria tido relacionamento extraconjugal;
  • Além das acusações de tê-la oferecido a outros homens com fins imorais, pelo qual nunca foi julgado, Chaplin foi nomeado pai da criança gerada fora do casamento. Entre julgamentos e atenção midiática, dois anos depois, um teste de paternidade desmentiu o rumor;
  • Nesse momento, apesar do prestígio e dos troféus anteriores do Oscar, sua reputação já estava arruinada e culminou em vaias durante a estreia do filme “Monsieur Verdoux” (1947), investigações por parte do FBI sobre suas crenças políticas e desgosto por parte do público;
  • Alguns anos depois, em 1952, quando viajou a Londres para a estreia de “Luzes da Ribalta” (ou “Limelight”), teve sua reentrada nos EUA revogada. Para retornar ao país, deveria se submeter a interrogatório sobre suas convicções políticas;
  • Ele decidiu não ceder e se exilou na Europa, onde continuou sua carreira como cineasta, inclusive com filmes criticando o país.

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Estatueta do Oscar
(Imagem: Mirko Fabian/Pexels)

Retorno e adoração no Oscar

Duas décadas depois, aos 82 anos, Charlie Chaplin tinha realizado outros filmes e via seu estado de saúde deteriorar. Nesse tempo, ele foi homenageado em diversos festivais de cinema, como Cannes e o Festival de Veneza, até que foi convidado a retornar aos EUA para a 44ª edição do Oscar, em 1972.

Por lá, ele receberia prêmio pelo conjunto de sua obra. Então, ao subir ao palco da premiação que antes o havia renegado, foi aplaudido por 12 minutos, no que se tornou a maior ovação da cerimônia até hoje.