O último Boletim de Conjuntura Industrial de 2023 da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) revelou que 2024 não deve ser um ano de grande crescimento na indústria.

Além disso, mostrou que 2023 foi um ano relativamente estável, mas sem grandes números, e que os próximos meses dependerão da reação do setor à concretização de iniciativas em andamento, como a Reforma Tributária.

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Indústria em 2023 vs. expectativas para 2024

A publicação resume a situação dos setores da indústria em 2023 e analisa suas consequências para 2024. De acordo com Carlos Vian, professor da Esalq e um dos responsáveis pelo boletim, ao Jornal da USP, apesar da expectativa de crescimento com a reforma tributária e com políticas voltadas para a indústria, o ano passado foi marcado por um desenvolvimento estável em todos os setores.

No entanto, o segmento de bens de capital caiu. Segundo Vian, esse setor é responsável pelo fornecimento de máquinas e equipamentos, logo, pelo aumento na produtividade.

Para os próximos meses, Vian espera um crescimento leve na indústria. Porém, isso depende da concretização da Reforma Tributária e da inflação, que determinarão como o setor industrial e empresarial reagirá.

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(Imagem: hrui/Shutterstock)

Por que isso acontece?

O baixo crescimento da indústria não é um problema novo. Segundo Carlos Vian, há alguns motivos que levam a isso:

  • Um dos pontos mais importantes é a defasagem no parque industrial brasileiro. Isso, por sua vez, é reflexo da falta de investimentos no setor de produção;
  • O resultado é a ausência de capital aplicado em inovações tecnológicas e na formação de profissionais capacitados. Para ele, isso leva tempo para corrigir;
  • Outro problema é o endividamento da população brasileira. Apesar de programas de renegociação de dívidas já estarem ativos, a melhoria depende de mais ações, como a retomada de investimentos no mercado interno e a geração de empregos.
  • Outra grande questão é a dependência do mercado externo. De acordo com Vian, a dificuldade do país de abastecer seu mercado interno com peças de maquinários e equipamentos nos fez recorrer a outros países, como os da Ásia.
  • Ele destaca que o Brasil já produz eletroeletrônicos, aço, peças e metalomecânica, mas não consegue produzir outros componentes igualmente necessários para as máquinas.
Chaminé industrial soltando fumaça com gás carbônico
(Imagem: AYDO8/Shutterstock)

Qual a solução

Além das projeções tímidas para 2024, que dependem da concretização de iniciativas em andamento, Carlos Vian acredita que aumentar a aplicação em indústrias com alta capacidade de desenvolvimento é uma possível solução para melhorar o mercado interno.

Nesse caso, setores como produções de energia, agroindústria e bioeconomia, que têm um grande potencial de crescimento, são fortalecidos.