O todo-poderoso Elon Musk acusou o golpe. É fato que o dono da Tesla elogia já há algum tempo as fabricantes chinesas de veículos elétricos. Por trás das palavras doces, porém, sempre houve uma certa dose de incômodo.

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Em janeiro de 2023, por exemplo, falando a investidores, ele disse que uma montadora chinesa provavelmente seria a concorrente mais próxima da Tesla no mercado. Musk, no entanto, destacou, à época, que a Tesla ainda liderava o setor – inclusive no Oriente.

Um ano depois, falando aos mesmos investidores, o bilionário voltou a elogiar as chinesas, mas, dessa vez, cutucou os concorrentes.

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Segundo ele, sem barreiras comerciais, as montadoras orientais “irão praticamente demolir a maioria das outras empresas no mundo”.

A declaração foi dada durante a teleconferência de resultados da Tesla na última quarta-feira (24). Musk disse o seguinte:

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“As montadoras chinesas são as montadoras mais competitivas do mundo. Portanto, acho que eles terão um sucesso significativo fora da China, dependendo do tipo de tarifas ou barreiras comerciais estabelecidas. Francamente, penso que, se não forem estabelecidas barreiras comerciais, elas irão praticamente demolir a maioria das outras empresas no mundo.”

A frase depois do baque

  • Vale contextualizar. O também dono da SpaceX deu essa declaração que acabamos de ler poucas semanas depois da primeira derrota da Tesla para a BYD em vendas globais.
  • A fabricante chinesa vendeu 525.409 veículos no último trimestre do ano passado.
  • A Tesla, por sua vez, comercializou 484.507 unidades no mesmo período.
  • Ainda assim, a Tesla se manteve à frente da BYD ao longo do ano e entregou aproximadamente 1,81 milhão de EVs aos seus clientes em todo o mundo – uma alta de 38% sobre 2022.
  • Já a BYD emplacou 1,6 milhão de unidades, uma alta de 70% sobre o ano anterior.
  • A curva de ascensão da chinesa é evidentemente maior.
  • Para causar ainda mais preocupação a Musk, as ações da Tesla caíram nesta quinta-feira (25), após a empresa ter divulgado lucros que ficaram abaixo das expectativas e ter alertado sobre uma desaceleração em 2024.

Países também se queixam das chinesas

Elon Musk não está sozinho nessa empreitada. A Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, abriu uma investigação sobre os subsídios dados aos fabricantes de veículos eléctricos na China.

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O processo começou no ano passado e ainda não foi concluído. Dependendo do resultado, o bloco pode adotar tarifas mais elevadas sobre os EVs chineses.

Os Estados Unidos também relatam desconforto com a situação. Argumentam que, com mão de obra muito mais barata e apoio do governo, as montadoras asiáticas podem realmente destruir a concorrência, como declarou Musk.

E não estamos falando apenas da BYD, que já ampliou seu mercado para a Europa, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Startups chinesas, como a Nio e a Xpeng, também lançaram recentemente carros no Velho Continente.

Temendo represálias, o próprio governo chinês estuda adotar medidas de controle em relação às fabricantes.

Aguardemos os próximos episódios. Fato é que as chinesas definitivamente mexeram com o mercado de elétricos.

As informações são da CNBC.