Um projeto, realizado pela Universidade de Sussex (Inglaterra) e Universidade George Mason (EUA), oferece uma perspectiva no mínimo intrigante sobre a natureza. Ou melhor: da natureza. É que cientistas desenvolveram hardware e software capazes de capturar imagens como se vistas pelos olhos de animais

Para quem tem pressa:

  • Cientistas da Universidade de Sussex e da Universidade George Mason desenvolveram um hardware e software inovadores que permitem capturar imagens como se fossem vistas pelos olhos de animais;
  • O projeto explora as diferenças na visão de cor, profundidade e outras capacidades visuais entre humanos e animais, como a percepção de luz infravermelha por morcegos-vampiros e luz ultravioleta por borboletas;
  • Os pesquisadores já utilizaram o novo método para capturar imagens de várias espécies animais, como borboletas e abelhas, em seu ambiente natural;
  • Apesar de algumas limitações, o projeto pioneiro abre novas possibilidades para ecologistas, observadores de pássaros, documentaristas da natureza e entusiastas de atividades ao ar livre, com o software disponibilizado de forma open-source.

As universidades disponibilizaram o software como open-source. Isto é, o acesso a ele está aberto para quem se interessar. A ideia é incentivar seu uso por ecologistas, observadores de pássaros, documentaristas da natureza e entusiastas de atividades ao ar livre.

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O mundo pelos olhos dos animais

Montagem de imagens através de olhos de humanos e animais
(Imagem: Daniel Hanley/Universidade de Sussex)

A visão de cor, profundidade e outras capacidades visuais são determinadas pela composição dos fotorreceptores nos olhos. Enquanto morcegos-vampiros e mosquitos percebem luz infravermelha (IR), borboletas e alguns pássaros podem ver luz ultravioleta (UV). 

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Estes espectros estão além da capacidade de percepção humana, o que torna difícil para as pessoas entenderem completamente o comportamento animal. E como as ações humanas podem impactar a comunicação deles, bem como buscas por comida, abrigo ou parceiros.

Entre as filmagens feitas, estão imagens da borboleta Phoebis philea e da lagarta Papilio polyxenes. Além disso, eles capturaram imagens da interação entre abelhas interagindo em flores e de uma pena de pavão iridescente através dos olhos de quatro animais diferentes: a própria espécie de pavão, humanos, abelhas e cães.

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Confira abaixo exemplos de imagens capturadas pelos pesquisadores:

Como funciona

Os pesquisadores desenvolveram a ferramenta, descrita em artigo publicado na revista PLOS Biology, usando fotografia multiespectral, que captura luz em diversos comprimentos de onda, incluindo IR e UV. A câmera grava vídeos em quatro canais de cores – azul, verde, vermelho e UV.

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As imagens são processadas para entregar filmagens como se fossem vistas pelos olhos de um animal específico. A precisão média do processo é de 92%, com alguns testes alcançando 99% de resultados positivos.

O hardware é projetado para se adaptar a câmeras disponíveis comercialmente. E os pesquisadores tornaram o software open-source para que outros adaptem para suas próprias necessidades de filmagem de vida selvagem. 

Apesar de suas limitações, como não capturar luz polarizada e ter uma taxa de quadros por segundo (fps ou Hertz) limitada, a ferramenta oferece insights únicos para entender melhor o comportamento animal. E moderar o impacto humano no mundo natural.