Em 2021, o corpo de uma gambá fêmea foi encontrado no Parque Bosque dos Jequitibás, na região central de Campinas. Cientistas do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de São Paulo (USP) identificaram a causa da morte como meningoencefalite, causada pelo vírus da raiva. Esta descoberta levantou um alerta sobre a recirculação do vírus em ambientes urbanos.
Uma pesquisa, publicada na revista Emerging Infectious Diseases, ressalta os riscos de proliferação do vírus entre mamíferos.
Entenda o caso
- A infecção por raiva do gambá provavelmente ocorreu devido a uma interação com morcegos.
- Os sinais neurológicos da doença presentes no corpo indicam paralisia provocada pelo vírus transmitido por morcegos.
- Em 2014, um gato também foi infectado em Campinas pelo mesmo vírus. Ambos os animais caçam morcegos.
- Animais silvestres, como o gambá, que interagem com o transmissor do vírus, podem fazer com que a raiva volte a circular em cidades.
Coleta de dados sobre a raiva em gambás
Na época em que o gambá foi encontrado, uma equipe realizou um projeto de vigilância epidemiológica em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e o Centro de Controle de Zoonoses de Campinas.
Foram testados 22 gambás para raiva e outras doenças, com destaque para 15 deles que foram mortos por ataques de cães. Além disso, foram analisados 930 morcegos, dos quais 30 tiveram resultados positivos para raiva, sendo a maioria da espécie frugívora Artibeus.
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De olho nos gambás
Os resultados da investigação destacam a importância do monitoramento de animais silvestres nas cidades devido aos riscos de transmissão para humanos. Segundo especialistas, manter vigilância sobre os gambás é uma estratégia importante, já que esses animais se adaptam facilmente a ambientes urbanos.
Apesar de um estudo dos anos 1960 sugerir que os gambás seriam resistentes ao vírus da raiva devido à baixa temperatura corporal e às poucas chances de sobrevivência a ataques de animais infectados, o estudo brasileiro aponta o contrário.
A transmissão ocorre e precisa ser monitorada. Os pesquisadores continuam investigando animais mortos para detectar a presença de raiva e outras doenças.
Com informações da Agência Fapesp.