Textos de 2.500 anos sugerem que o Alzheimer é uma doença moderna

Segundo pesquisadores, o ambiente e o estilo de vida modernos podem ser responsáveis pelo aumento de casos de Alzheimer
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 14/02/2024 11h42, atualizada em 14/02/2024 13h05
Imagem em preto e branco de uma árvor que forma uma cabeça humana; suas folhas estão sendo levadas pelo vento
Imagem: Lightspring/Shutterstock
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O Alzheimer é uma doença degenerativa e sem cura. Diversos especialistas apontam que a condição se tornou quase uma epidemia nos tempos modernos. Mas nem sempre foi assim. É o que sugerem textos médicos gregos e romanos datados de aproximadamente 2500 anos. 

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De acordo com os pesquisadores responsáveis pela análise dos documentos antigos, existem evidências de que o Alzheimer era bastante raro antigamente. Por isso, eles acreditam que o ambiente e o estilo de vida modernos são responsáveis pelo aumento de casos de demência ao decorrer dos séculos. 

O sedentarismo e a exposição à poluição do ar foram apontados como os principais agravantes para o desenvolvimento da condição. Os resultados foram publicados na revista Journal of Alzheimer’s Disease. As informações são do UOL.

Ilustração de idoso se desfazendo em peças de quebra-cabeça para retratar conceito do Alzheimer
O ambiente e o estilo de vida modernos podem ser responsáveis pelo aumento de casos de Alzheimer (Imagem: OPAS)

Relação entre o Alzheimer e a expansão das cidades

  • A equipe analisou escritos médicos antigos de Hipócrates e seus seguidores.
  • Apesar de catalogar doenças de idosos, como por exemplo surdez, problemas digestivos e tontura, os textos não fazem menções à perda de memória.
  • Em geral, os cientistas afirmam que embora poucos, os antigos registros gregos reconhecem que o envelhecimento comumente trazia problemas de memória.
  • No entanto, eles sugerem que a população da época tinha apenas um comprometimento leve da cognição.
  • Segundo o estudo, nada do que é descrito na Grécia antiga se aproxima de uma perda significativa de memória, fala e raciocínio, como a causada pelo Alzheimer e outros tipos de demência.
  • Já durante as análises de textos da era romana foram encontradas algumas menções a sintomas da doença.
  • Por exemplo, documentos de Cícero indicam que há uma certa insensatez em idosos que não é comum em todas as pessoas com a mesma idade.
  • Há escritores que também sugerem a dificuldade de pessoas mais velhas aprenderem coisas novas e registros de homens que esqueceram o próprio nome. 
  • Dessa forma, os pesquisadores concluíram que há uma relação entre a expansão das cidades modernas e o aumento de casos de declínio cognitivo.
  • Em geral, eles apontam o crescimento dos níveis de poluição e o uso de materiais como chumbo como potenciais gatilhos para problemas de saúde que comprometem a cognição.
  • Por fim, a equipe também analisou dados demográficos de uma comunidade indígena que vive na Amazônia boliviana.
  • Assim como antigos gregos e romanos, os Tsimane têm um estilo de vida pré-industrial e são muito ativos fisicamente.
  • Como resultado, a comunidade tem taxas extremamente baixas de demência: em geral, apenas 1% deles possuem problemas cognitivos quando idosos.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.