Arte rupestre em caverna argentina pode ter transmitido informações por 100 gerações

Segundo pesquisadores, as pinturas podem ter contribuído para que os antigos povos da região sobrevivessem em ambientes extremos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/02/2024 06h00, atualizada em 16/02/2024 20h58
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma análise de pinturas rupestres localizadas no interior de uma caverna no extremo sul da Argentina sugere que estas obras são muito mais antigas do que se imaginava. De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo trabalho, a arte rupestre ali localizada data de até 8.200 anos e pode ter servido como forma de comunicação através de 100 gerações.

Leia mais

Os pesquisadores analisaram pequenos pedaços de pigmento preto dos desenhos antigos, que retratam humanos, animais e outras figuras. Como eles eram compostos por matéria vegetal, foi possível realizar uma análise por radiocarbono.

Especialistas explicam que, normalmente, é muito difícil datar a arte rupestre, a menos que exista um componente orgânico. Ainda lembram que a caverna em questão não é a ocupação mais antiga da América do Sul, mas é a mais antiga arte rupestre baseada em pigmentos datada diretamente por radiocarbono na América do Sul.

Na caverna, foram encontradas cerca de 900 pinturas. No entanto, não se sabe exatamente quem criou elas. Uma das teorias é de elas tenham servido, no passado, como forma de transmissão de informações por diversas gerações.

Esses desenhos abrangem mais ou menos 3.000 anos dentro de um único motivo. Propomos que houve uma transmissão de informação através de múltiplas gerações humanas, que habitavam a mesma região e o mesmo local.

Ramiro Barberena, arqueólogo da Universidade Católica de Temuco, no Chile e coautor do estudo

Pinturas antigas podem ter garantido sobrevivência dos povos antigos

  • Os pesquisadores ainda não podem afirmar categoricamente qual o objetivo das pinturas antigas.
  • Elas podem ter servido para uma cerimônia ou algum tipo de reunião.
  • Outra possibilidade é a de que tenham sido parte de uma estratégia humana para construir redes sociais entre grupos dispersos, o que contribuiu para tornar estas sociedades mais resilientes em meio a um ambiente tão desafiador.
  • Durante o Holoceno tardio, de quando as pinturas datam, a Patagônia era extremamente seca e quente.
  • Dessa forma, era fundamental que houvesse uma maior interação entre os povos que ali viviam.
  • As descobertas foram publicadas em estudo divulgado na revista Science Advances.
  • As informações são da Live Science.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.