Um novo estudo revelou que substâncias usadas no tratamento da disfunção erétil, como a sildenafila (o Viagra), podem estar associadas à redução nos casos de Alzheimer na terceira idade. A pesquisa ainda tem limitações, mas já observou na prática a relação entre a prescrição dos medicamentos ao número menor de casos de demência.

Relação entre Alzheimer e Viagra

Como lembra a Folha de S.Paulo, o sildenafil é da classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), enzima que controla a ereção. O medicamento ainda tem outras funções, como relaxar a parede das artérias, podendo ser usado no tratamento da pressão arterial pulmonar.

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A pesquisa, publicada na Neurology, usou dados de mais de 260 mil homens britânicos coletados entre 2000 e 2017. Para mensurar o uso do medicamento, os cientistas se basearam no número de receitas médicas recebidas pelos pacientes (foi só a partir de 2018 que o sildenafil passou a ser vendido sem receita na Inglaterra). Eles também mediram os diagnósticos clínicos de Alzheimer.

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Imagem: Divulgação/Pfizer

Conclusões

Para cada dez mil participantes, oito em cada dez pessoas em tratamento de disfunção erétil tiveram diagnóstico de Alzheimer, contra dez diagnósticos daqueles que não usaram o Viagra.

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No entanto, o resultado só mostrou redução no número de casos em homens que tiveram mais de 20 receitas de sildenafil em intervalo de cinco anos. Menos que 20 receitas não mostram redução significativa.

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Imagem: Atthapon Raksthaput/Shutterstock

Há limitações na relação entre Alzheimer e Viagra

Apesar da relação entre a demência e o medicamento ser comprovada, há limitações na pesquisa:

  • Segundo o pesquisador e professor da Universidade Federal de Santa Catarina Rui Daniel Prediger, à Folha, há mais de 20 substâncias que mostram a mesma relação que o Viagra. Embora haja evidências de redução, a proteção do medicamento contra o Alzheimer ainda não está clara;
  • Outra limitação é que a pesquisa se baseou no número de prescrições emitidas pelos médicos, mas não chegou a apurar quantos desses pacientes realmente tomaram o medicamento;
  • Além disso, os diagnósticos de Alzheimer não se basearam em análises laboratoriais e podem não refletir o número real de casos.

Ainda assim, os pesquisadores afirmam que há margem de erro e que a relação estabelecida pelo estudo é real. No entanto, ainda é necessário fazer estudos clínicos, com doses pré-definidas, ensaios randomizados e placebos.

Também é necessário entender qual a relação de proteção do Viagra na demência para estabelecer qual o melhor momento para iniciar o tratamento e qual o efeito nas mulheres.