Medicamentos tomados por via oral devem passar pelo trato digestivo para fazer efeito no organismo. No entanto, não se sabe exatamente qual proteína transportadora os leva até seu destino final e, se uma mesma célula for responsável por mais de um remédio ingerido ao mesmo tempo, eles podem não fazer efeito. Pior ainda, podem ter efeitos colaterais indesejados.

Pensando nisso, um novo estudo usou aprendizado de máquina para mapear o caminho dos medicamentos no corpo e alertar quais não tomar juntos.

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Medicamentos no corpo humano

Como explicou o Medical Xpress, um medicamento tomado via oral deve passar pelo trato digestivo. As responsáveis por isso são proteínas transportadoras.

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O problema é que não se sabe exatamente qual proteína leva cada medicamento. Então, o estudo usou união de aprendizagem automática e modelos de tecidos do corpo para entender qual transportadora é responsável por cada remédio.

Identificando sobreposições, a intenção é alertar para o uso de prescrições conjuntas que podem interferir entre si, anular o efeito ou ter consequências inesperadas. Além disso, sabendo dessas interações, é possível elaborar receitas médicas e até medicamentos mais eficazes, prevendo potenciais toxicidades.

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(Foto: fizkes/Shutterstock)

Como o estudo foi feito

  • Um estudo anterior já havia indicado três proteínas principais que ajudavam os medicamentos a passarem pelo trato digestivo: BCRP, MRP2 e PgP. Elas foram o foco do novo estudo;
  • Então, os pesquisadores usaram modelo de tecido que media a capacidade de absorção do corpo a determinado remédio. O modelo foi baseado em tecido intestinal de porco cultivado em laboratório;
  • Eles analisaram 23 medicamentos comuns e qual transportador era usado por cada um;
  • Depois, treinaram o modelo de aprendizado de máquina usando os dados resultantes;
  • O resultado é que o modelo aprendeu a fazer previsões sobre quais medicamentos interagem com quais transportadores de acordo com suas semelhanças químicas.

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Imagem: Toonus/Shutterstock

Testes com os medicamentos

Os pesquisadores testaram a nova IA preditiva usando 28 medicamentos comuns atualmente e mais 1.595 medicamentos experimentais. O modelo devolveu quase dois milhões de previsões de potenciais interações entre eles.

Por exemplo, a mistura de doxiciclina, um antibiótico, com varfarina, um anticoagulante, pode ter reações adversas. A doxiciclina também interage com digoxina, usada para tratar insuficiência cardíaca; o levetiracetam, anticonvulsivante; e o tacrolimus, um imunossupressor.

Eles também analisaram dados de 50 pacientes que tomavam um dos três medicamentos que interagiram com a doxiciclina, de acordo com a IA. Em um dos casos, de um paciente que tomava o antibiótico com varfarina, o nível do segundo remédio na corrente sanguínea aumentava e só descia depois que parou de ser administrado em conjunto.

O teste também mostrou a diferença na absorção dos outros dois medicamentos quando combinados com o antibiótico.