Pele artificial impressa em 3D pode reconstruir tecidos lesionados

Com uma pequena impressora 3D, médicos conseguiram imprimir pele artificial diretamente nas lesões de ratos
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 06/03/2024 05h00
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Imagem: gerada por inteligência artificial/Shutterstock
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Parece coisa de ficção científica, mas é real. Nova tecnologia de impressão 3D pode reconstruir tecidos danificados ao imprimir pele diretamente no local da lesão. Cientistas testaram o equipamento, que foi projetado para realizar cirurgias de reconstituição do rosto ou cabeça de maneira natural, em ratos de laboratório.

O estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State) foi publicado na revista Materiais Bioativos.

Como a pele é impressa em 3D?

  • Para imprimir a pele em 3D, os cientistas usam uma técnica chamada bioimpressão. Primeiro, eles extraem tecido adiposo de pacientes que passaram por cirurgias.
  • Em seguida, removem uma rede de moléculas e proteínas do tecido, chamada matriz extracelular, que dá estrutura e estabilidade ao tecido.
  • Essa matriz é um dos componentes de uma “biotinta” usada na impressão da pele, que também contém células-tronco e uma solução de coagulação.
  • Cada componente fica em compartimentos separados de uma bioimpressora, o que permite que imprimam a pele diretamente no local da lesão.

Confira a impressão da pele artificial em ratos. Aviso! O vídeo contém cenas de feridas abertas.

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A mistura perfeita

Os cientistas realizaram diferentes experimentos para encontrar a combinação perfeita de componentes da biotinta usada para imprimir a pele artificial. Eles descobriram, após realizar os testes em ratos, que imprimir a matriz junto com as células-tronco era crucial para formar a hipoderme – camada mais profunda da pele – de maneira eficaz.

O resultado foi que depois da bioimpressão das camadas da hipoderme e da derme (outra camada da pele), a epiderme se formou naturalmente para completar a cicatrização da ferida. Eles também observaram o início do desenvolvimento do folículo capilar na hipoderme, o que sugere que as células-tronco podem impulsionar o crescimento do cabelo.

Esquema do processo de impressão da pele em 3D – Bioactive Materials

Inovação que traz bem-estar

A expectativa dos cientistas é que a tecnologia ajude a reconstruir tecidos de forma mais natural e proporcione maior bem-estar aos pacientes que sofreram alguma lesão que gerou deformidades. O objetivo agora é combinar a criação com a impressão 3D de ossos, também desenvolvida pela equipe, além de aprimorar os tons de peles impressas.

Acreditamos que esta [tecnologia] poderia ser aplicada em dermatologia, transplantes capilares e cirurgias plásticas e reconstrutivas – poderia resultar em um resultado muito mais estético. Com a capacidade de bioimpressão totalmente automatizada e materiais compatíveis de nível clínico, isso pode ter um impacto significativo.

Ibrahim Ozbolat, autor do estudo, para o New Atlas
Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.